Contos de Terror: O Padre das Sombras # Parte 3- Final
Padre Willian retirou uma bíblia do bolso, pequena, parecia piada. Jogou ela no meio do desenho e os possuídos gritaram. Ele começou a falar algumas palavras em latim, e cada vez que ele falava os possuídos queimavam, em poucos minutos eu já sentia cheiro de carne queimada, um dos homens vomitou contra o Padre, e de dentro de sua boca saiu uma criança toda deformada, ela bateu na grade e quando chegou ao chão começou a chorar, e gritar desesperada. A mulher desceu da parede e cuspiu contra mim, um olho bateu no meu braço e caiu no chão, de repente ele estourou e uma barata saiu de dentro dele e veio em minha direção, eu pisei sobre ela e ouvi o ruído de sua estrutura se rompendo, e saiu sangue de dentro dela. Eu não consegui acreditar na tranqüilidade que o Padre demonstrara diante de tal situação horrenda, ele apenas falava e caminhava estendendo sua mão para um dos possuídos, o qual ficava no chão desacordado. Finalmente eu compreendi que aquele não era um exorcismo comum, aquela briga acontecia no mundo deles – dos demônios – o Padre não estava mais nesse mundo comigo, ele foi para a dimensão das entidades. E confesso que esta descoberta não fez outra coisa do que me desesperar, eu agarrei a grade e rezei com toda minha força, mesmo presos eles conseguiam chegar a mim de uma forma ou de outra. De repente o homem sussurrou com a voz do meu pai.
-Você me decepcionou filho, nunca vou te perdoar por ter me decepcionado.
Aquilo foi um tapa no meu emocional, eu caí de joelhos e senti um peso nos ombros, como se alguém subisse em mim, senti uma respiração na nuca.
-Sai – gritei – você não tem poder sobre mim.
Joguei meu corpo para trás e o homem riu dentro da jaula.
-Você não é tão fraco como eu imaginei.
Ele sussurrou engasgando com o sangue e jogou seu corpo para frente abrindo a boca de uma forma impossível, saiu um animal de dentro dele que parecia um porco, sua cabeça estava aberta no meio e virou uma boca enorme, cheio de dentes, ele gritava como uma pessoa e andava sobre as patas traseiras. O animal passou no vão da grade e correu em minha direção, eu fechei os olhos e rezei com mais intensidade, naquele momento eu tinha certeza que aquela coisa me mataria. Quando voltei a abrir os olhos eu estava em outro lugar, era um campo de guerra, o Padre lutava contra um bicho enorme, parecia um dragão de duas cabeças que cuspia fogo, diante de mim aquele animal que parecia um porco estava muito maior e gritava sobre meu rosto, e nos lutamos. Fui jogado ao chão diversas vezes, ele pisava em mim e me esmagava, a dor era muito real. Enfim eu entendi que aquilo era um demônio e eu estava no mundo deles. Comecei a repetir as palavras do Padre, e finalmente consegui reagir, em poucos instantes eu estava esmurrando aquele animal, que rasgou como um pano velho saiu sangue, pedaços de corpos, comida estragada, e uma vela apagada. Eu fechei os olhos e quando voltei a abrir estava novamente no porão, o homem agora estava vomitando e chorando. O local não estava mais frio, não cheirava mal, e os rostos daquelas pessoas não estavam deformado. O padre abriu as grades e soltou àquelas pessoas, eu o ajudei sem questionar e os levamos para fora do hospital onde os médicos os aguardavam. Fiquei encostado no carro observando aquelas pessoas agindo normalmente e me questionei sobre tudo que vi naquele porão, Willian se aproximou.
- Você estava certo, foi meu primeiro exorcismo estranho.
Ele riu com meu comentário, e me entregou um envelope preto.
-Abra quando chegar ao hotel. – fez uma pausa – Bom trabalho.
Obedeci, quando cheguei ao hotel abri rapidamente o envelope, era uma carta enviada da igreja dizendo que eles sabiam dos exorcismos que já fiz, mesmo sem permissão, mas que meu nome foi muito citado em reuniões secretas - ta aí o motivo que fez o Padre Willian me chamar de famoso – por padres influentes que viram o resultado de meu trabalho, fui oficialmente convidado para participar de uma organização secreta destinada a Padres corajosos e fieis intitulada "Padres das sombras". Hoje sou exatamente aquele Padre que sempre sonhei, e me libertei do peso da culpa por não realizar o sonho do meu pai. Afinal, eu não salvo vidas na mesa de cirurgia, mas salvo almas guerreando contra demônios. Eu vou além do que meu pai esperava, pois eu ainda devolvo a vida de alguém, mesmo que ela esteja no meio do inferno.
Conto enviado por: Ashira Psycho
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