Além da Imaginação Real

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sexta-feira, 5 de maio de 2017

Contos de Terror: O Padre das Sombras # Parte 2


Descemos do carro e seguimos por um caminho de pedra até a porta do hospital que estava entreaberta, um homem nos aguardava de braços cruzados no fim do corredor, sorriu aliviado e nos cumprimentou se identificando.
-Sou Eduard Mustaf, diretor desse hospital.
-Onde estão os pacientes? – Questionou Padre Willian girando o rosto lentamente.
-Este hospital foi desativado recentemente, a maioria dos pacientes foram para outros hospitais e manicômios, apenas alguns permanecem aqui, e se você quer saber, estão trancados no porão.
Eu fui o único que me espantei com a informação de Mustaf sobre seus pacientes do porão.
-Está preparado para seu primeiro exorcismo?
- Não é meu primeiro exorcismo.
Minha resposta não convenceu o Padre Willian, que apenas sorria ironicamente. Mustaf nos entregou casacos e pediu que nos o acompanhássemos, e assim fizemos. Seguimos por um corredor, atravessamos uma o porta de madeira entalhada a mão, descemos uma longa escada, caminhamos por um corredor escuro e tenebroso, passamos por outra porta – agora de ferro – que nos levou a outra escada, mais um corredor, enfim chegamos a uma porta de aço bem grossa, cheia de marcas de socos.
-impossível – sussurrei.
Eu fiquei tremulo, com os olhos arregalados, é humanamente impossível amassar aquela porta com um soco.
-Vocês se importam se eu retornar e vocês seguirem sozinhos?
Mustaf estava claramente assustado, e aquela não era uma pergunta, ele apenas estava nos avisando que dali ele não passaria. Padre Willian o agradeceu pela confiança, pediu que ele nos aguardasse do lado de fora do Hospital com médicos, Mustaf concordou e sumiu no corredor. Nós atravessamos a porta de aço e seguimos por um corredor bem largo e com pouca luz, as paredes tinham marcas de mão, espirro de sangue, cruzes desenhadas ao contrario, palavras em latim.
De repente o Padre parou e apontou para uma frase na parede que me estremeceu. Senti um frio subir pela espinha, meus cabelos se arrepiaram, minhas pernas amoleceram e por pouco não fui ao chão. "Willian e Dylan, estão preparados para o inferno?", quem escreveu e como sabiam que nos viríamos? Padre me arrastou até o final do corredor, onde a temperatura caiu drasticamente, deixando claro o motivo do casaco. Encontramos mais uma porta que dessa vez nos levou a um porão pouco iluminado, mal cheiroso, cheio de celas, parecia uma cadeia. Haviam três pessoas, uma em cada cela, elas estavam ajoelhadas, acorrentadas com as mãos para trás, com o corpo inclinado para baixo e o rosto encostado no chão, tinham poças de sangue que saia do rosto de cada uma dessas pessoas e escorria pelo chão e se encontravam no meio da sala, o sangue fez um circulo em volta de um desenho feito com areia, parecia um "x"e algumas palavras ao redor. Caminhamo-nos e ficamos diante do desenho e isso pareceu incomodar aquelas pessoas – dois homens e uma mulher- eles levantaram o rosto e aquela visão me aterrorizou, eles estavam com os rostos cheios de cortes, com os olhos brancos, bocas rasgadas, dentes pretos e quebrados, suas línguas batiam no chão e as pontas estavam cortadas ao meio, saiam insetos de seus narizes e ouvidos, e cada vez que eles cuspiam no chão, saia pedaços de dedos e olhos misturados na saliva. Eu nunca tinha visto algo assim, eu dei um passo para trás e a mulher subiu na parede e ficou de cabeça para baixo, com os braços esticados presos a corrente, ela ria e passava aquela língua enorme no seu próprio rosto e depois jogava a língua contra mim, eu me esquivei e senti pingos de saliva se chocar contra meu rosto, parecia acido.

Continua...

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