Contos do Além: Beco Sem Saída!
Com um rangido de freios, o trem, locomotiva e dois vagões, parou pouco antes do fim dos trilhos. Pois que haviam chegado ao fim da linha: mais à frente, em meio à neve, viam-se apenas alguns dormentes arrancados e trilhos retorcidos. Alguém se dera ao trabalho de inviabilizar qualquer possibilidade de prosseguir por aquele caminho, o que, por si só já era um péssimo sinal. Mas, mesmo que a via férrea não houvesse sido sabotada, dificilmente teriam ido muito longe: o diesel também estava no fim.
O maquinista desceu da locomotiva e caminhou até pouco depois do ponto onde o caminho fora obstruído. O ajudante juntou-se a ele pouco depois. Ficaram ambos olhando para o descampado coberto de neve, que caía silenciosa e continuamente do céu cinzento.
- Vai falar com eles? - Indagou o ajudante em voz baixa.
- Não há outra alternativa... - respondeu o maquinista. - Os que não puderem andar, ficarão para trás.
- Se ficarem para trás, vão morrer - sussurrou o ajudante. - Ninguém virá buscá-los!
- Ninguém virá nos ajudar se ficarmos aqui, você sabe. Pelo menos, não vamos vê-los morrer.
- Mas o que vamos dizer?
- A verdade. Que vamos em busca de socorro, mas que não há nenhuma garantia de que ele exista.
O ajudante cruzou os braços, tanto pelo frio quanto pela repulsa que as palavras do maquinista lhe provocavam. Por fim, perguntou:
- O que há, lá para frente?
- Esta linha ia até a costa. Devemos estar ainda à uns 10 ou 15 km de distância dela. Há uma ou duas estações desativadas no percurso, não sei o que foi feito delas...
- E se conseguirmos chegar à costa?
- Talvez consigamos achar um barco... mantimentos. Talvez até um caminhão com gasolina... aí poderíamos voltar e buscar os que ficarem.
O ajudante sabia que o maquinista estava mentindo, mas fez um gesto de concordância
- Está bem. Quais deles seguirão conosco?
O maquinista chutou uma pedra.
- Todos os que estiverem em condições de caminhar até a costa. Quando a comida acabar... e ela vai acabar... precisaremos ter uma reserva de carne à mão.
E bateu no bolso do casaco, onde levava sua inseparável pistola 45.
Conto enviado por: Alex Raymundo!
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