Além da Imaginação Real

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terça-feira, 12 de janeiro de 2016

O maldito livro de São Cipriano!


São Cipriano – O Feiticeiro:

A fantástica trajetória do Feiticeiro e Santo da Antioquia (de quem falaremos), representa o elo entre Deus e o Diabo, entre o puro e o pecaminoso, entre a soberba e a humildade. São Cipriano é mais que um personagem ou um livro de magia; é um símbolo da dualidade da fé humana.
Filho de pais pagãos e muito ricos, nasceu em 250 d.C. na Antioquia, região situada entre a Síria e a Arábia, pertencente ao governo da Fenícia. Desde a infância, Cipriano foi induzido aos estudos da feitiçaria e das ciências ocultas como a alquimia, a astrologia, a adivinhação e outras diversas modalidades de magia.
Após muito tempo viajando pelo Egito, Grécia e outros países, aperfeiçoando seus conhecimentos, aos trinta anos de idade Cipriano chega à Babilônia, a fim de conhecer a cultura ocultista dos Caldeus.Foi nesta época que encontrou a bruxa Évora, onde teve a oportunidade de intensificar seus estudos e aprimorar a técnica da premonição, acima de tudo. Évora morreu em avançada idade, mas deixou seus manuscritos para Cipriano, os quais foram de grande proveito. Assim, o feiticeiro dedicou-se arduamente, e logo se tornou conhecido, respeitado e temido por onde passava.

O Livro:



O Livro de São Cipriano é um grimório publicado em diversos países, inclusive no Brasil pela Editora Eco, do Rio de Janeiro. A obra contém diversos rituais de ocultismo, mais especificamente magias (branca e negra), com múltiplas finalidades, benéficas e maléficas, inclusive para o cotidiano.
Hoje, o livro é uma verdadeira coleção, onde todos afirmam ser os verdadeiros livros de São Cipriano, mas, na verdade, São Cipriano só escreveu um: O Livro de São Cipriano de Capa Preta.
Cipriano, o feiticeiro, é celebrado no dia 2 de outubro. Mesmo dedicando boa parte de sua vida ao estudo das ciências ocultas, após deparar-se com a jovem Justina, converteu-se ao cristianismo. Martirizado e canonizado, sua popularidade cresceu devido ao famoso Livro.
O Antigo e Verdadeiro Livro Gigante de São Cipriano – Capa Preta
O famoso Livro de São Cipriano foi redigido antes de sua conversão. Grande parte de seus manuscritos foi queimada por ele mesmo. A questão é que, não se sabe quando, e por quem os registros foram reunidos e traduzidos do hebraico para o latim, e posteriormente levados para diversas partes do mundo.
No decorrer dos anos, o conteúdo sofreu alterações significativas, além da adequação necessária na tradução para os vários idiomas. Esses fatores colocam em dúvida a fidelidade das versões recentes, se comparadas às mais antigas.


Atualmente, não é possível falar do Livro, mas sim Dos Livros. As edições capa preta e capa de aço, ou aquelas intituladas como “o autêntico”, “o verdadeiro” ou “o único”, enfatizam um mesmo acervo mágico central, e ainda exaltam o cristianismo e a vitória do bem sobre o mal. Porém, existem grandes diferenças no conteúdo. Enquanto alguns exemplares apresentam histórias e rituais inofensivos, outros apelam para campos negativistas e destrutivos da magia, chegando a ser taxados de “A bíblia do diabo”.
Num aspecto geral, encontram-se instruções aos religiosos para tratar de uma moléstia, além de cartomancia, esconjurações, rituais, invocações e exorcismos. 
Há ainda os mitos que o cercam: muitos consideram ser pecado mortal possuí-lo ou simplesmente tocá-lo. De qualquer forma, o tema São Cipriano e tudo que o cerca, é um campo de estudo e pesquisa muito interessante para ocultistas, religiosos, aventureiros ou apenas curiosos, mesmo.

A Conversão Cristã:


Vivia em Antioquia a bela e rica donzela Justina. Seu pai Edeso e sua mãe Cledonia, a educaram nas tradições pagãs. Porém, ouvindo as pregações do diácono Prailo, Justina converteu-se ao cristianismo, dedicando sua vida as orações, consagrando e preservando sua virgindade.
Um jovem rico chamado Aglaide apaixonou-se por Justina. Os pais da donzela (já convertidos à fé Cristã também) concederam-na por esposa. Porém, Justina não aceitou casar-se. Aglaide recorreu a Cipriano para que o feiticeiro aplicasse seu poder, de modo que a donzela abandonasse a fé e se entregasse ao matrimônio.
Cipriano investiu a tentação demoníaca sobre Justina. Fez uso de um pó que despertaria a luxúria, ofereceu sacrifícios e empregou diversas obras malignas. Mas não obteve resultado, pois Justina defendia-se com orações e o Sinal da Cruz.
A ineficácia dos feitiços fez com que Cipriano se desiludisse profundamente perante sua fé e se voltasse contra o demônio, que lhe deixara na mão. Influenciado por um amigo cristão de nome Eusébio, o bruxo converteu-se ao cristianismo, chegando a queimar seus manuscritos de feitiçaria e distribuir seus bens entre os pobres.

A Morte:

As notícias da conversão e das obras cristãs de Cipriano e Justina, chegaram até o imperador Diocleciano que se encontrava na Nicomédia. Assim, logo foram perseguidos, presos e torturados. Frente ao imperador, viram-se “forçados” a negar a fé cristã: Justina foi chicoteada, e Cipriano açoitado com pentes de ferro. Não cederam.
Irritado com a resistência, Diocleciano ainda lançou Cipriano e Justina numa caldeira fervente de banha e cera. Os mártires não renunciaram, e tampouco transpareciam sofrimento. O feiticeiro Athanasio (que havia sido discípulo de Cipriano) julgou que as torturas não surtiam efeito devido a algum sortilégio lançado por seu ex mestre. Na tentativa de desafiar Cipriano e elevar a própria moral, Athanasio invocou demônios e magias, e atirou-se na caldeira. Seu corpo foi dizimado pelo calor em poucos segundos.
Após este fato, o imperador Diocleciano finalmente ordenou a morte de ambos. No dia 26 de Setembro de304. Os mártires e um outro cristão de nome Teotiso, foram decapitados às margens do Rio Galo, na Nicomédia. Os corpos ficaram expostos por 6 dias, até que um grupo de cristãos recolheu-os, levando-os para Roma, e deixando-os sob os cuidados de uma senhora chamada Rufina. Já no império de Constantino, os restos mortais foram enviados para a Basílica de São João Latrão.

Curiosidades:

O fato mais curioso da vida de São Cipriano, é ele ter queimado seus manuscritos, e tempos depois os mesmos terem reaparecido como O livro de Capa Preta. Ninguém sabe ou sequer imagina como ele reapareceu, mas foi traduzido para vários idiomas, incluindo o nosso Português Brasileiro.
Vários outros livros apareceram usando o nome de Cipriano, e o próprio livro de Capa Preta dizem ter sido muito alterado com o tempo.
O Livro é repleto de magias negras pesadas incluindo a Oração da Cabra Preta (Não me perguntem por quê essa oração é tão citada).
Apesar de tantas histórias, não existem fatos concretos de que Cipriano realmente existiu.

O relato: 

“Há um tempo atrás comprei um livro chamado “São Cipriano Capa Preta”. Esse livro contem a história da vida do bruxo Cipriano e inúmeros feitiços e rezas, além de trazer ensinamentos tanto da magia negra quanto à branca. O fato é que desde que comecei a ler esse livro comecei à ter muitos pesadelos à noite. Até aí eu achava que estava tudo bem, pois o livro contém passagens que impressionam, como as conversas de Cipriano com Lúcifer, os espíritos das bruxas que apareceram à Cipriano, rituais de exorcismo e até um vodu. Mas mesmo tendo pesadelos continuei lendo o livro, e sempre que possível fazendo alguns dos “trabalhos” do livro. Nunca acreditei no sobrenatural, mas agora minha opinião mudou. Meu primeiro contato com o sobrenatural foi numa noite à qual eu dormia e comecei a escutar uma respiração ofegante e gemidos bem baixos. Acendi a luz e vi uma mulher de roupa branca, pendurada numa corda, como se tivesse sido enforcada. Seus olhos estavam fechados e a tal mulher estava branca como papel. Nunca senti tanto medo na vida quanto aquela noite. Saí do quarto e chamei um vizinho para ver. Na hora que ele chegou e nada viu disse: – “Pô cara, você me acorda as três da madrugada para me sacanear,está louco?” Depois de falar isso voltou à sua casa. De fato à mulher não estava mais lá, não havia explicação, tentei dormir na sala, mas aquilo não saia da minha mente e não me deixou dormir aquela noite. Deduzi que aquilo era algo sobrenatural e com certeza era culpa do maldito Cipriano, dei um fim no livro. Mas mesmo assim vejo espíritos, não em todos os lugares, nem com uma frequência muito grande, mas vejo. Não sei se isso é um dom, mas tenho muito medo.
Se falo para alguém ou fazem chacota ou me tratam como insano. Além desse negócio de ver espíritos, acabei perdendo meu emprego e minha mulher se separou de mim.
Não tenho dúvidas, o livro de São Cipriano é maldito!”

Pesquisa e Adaptação: Milena Zorek

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