Além da Imaginação Real

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terça-feira, 13 de junho de 2017

Contos do Além: A Lua Cheia!


Carlinhos sempre foi um homem temente a Deus, seguindo as doutrinas da igreja, indo a Missa todos os domingos, sempre participando de eventos organizados pela Capela local, o típico Católico fervoroso, respeitado pela comunidade local.
Ele mora em uma cidade pequena no interior de Minas Gerais, com pouco mais de 20 mil habitantes, praticamente todos se conhecem, e sim, todos conhecem a lenda que corre no local.

Muitas pessoas falam que tem uma criatura que surge nas Luas cheias e atacam os animais em sítios e ranchos no local. Por algum motivos desconhecido, muitas pessoas acreditam que Carlinhos é a pessoa que se transforma nessa criatura.
Essa afirmação não fazia sentido para a grande maioria das pessoas, como um homem de bem, temente a Deus iria se tornar um monstro sanguinário? A verdade é que ninguém tinha uma explicação para os massacres que ocorriam nas Luas Cheias na região.

Não demora para que a Lua cheia surja novamente. A cidade muda quando está próxima a essa época, as pessoas ficam mais quietas, pensativas, voltam para suas casas mais cedo, fecham suas janelas e portas antes mesmo de anoitecer.
Mas um dos moradores, resolveu que não iria mais se esconder nas Luas Cheias, estava resolvido a acabar com essa maldição de vez.

Zeca se preparou durante o mês todo, arrumou uma espingarda com um amigo da delegacia, pegou as munições e banhou em prata, mesmo não acreditando em monstros, ele não quis arriscar, o homem do campo sempre guarda dentro de si, certa superstição. Como todos sempre afirmavam que CARLINHOS era o tal monstro, Zeca foi até as proximidades de sua casa. Escondido atrás de uma mata alta, ele observa a casa de Carlinhos, que morava sozinho após a perda de sua mãe alguns anos atrás. Algumas horas se passam sem muita movimentação ali, até que um ruido alto e passos surgem de trás de Zeca.

Ele se vira e vê aquela monstruosidade andando sorrateiramente, farejando o ar. Aquela noite está fria, é possível ver até fumaça saindo pelo focinho canino daquele cão gigante preto, com caninos que poderiam rasgar até metal.

Zeca se esconde mais por trás da mata, agarra um crucifixo com uma mão e segura a espingarda firme com a outra, mesmo não tendo tanta fé, ele reza como nunca, de olhos arregalados ele observa a criatura se aproximar da casa de Carlinhos. Zeca estava a horas ali e não viu ninguém sair daquela casa, então estava claro que a criatura não era Carlinhos.

O bicho dá a volta na casa e some da visão de Zeca, alguns minutos se passam, ele ouve um estilhaço de vidro vindo da casa seguido de um grito desesperado. Zeca respira fundo, ele não sabe direito o que fazer, mas em um súbito impulso de coragem, ele se levanta e corre em direção a casa com a espingarda em punho apontando em direção a janela despedaçada.

Então ele vê, o que um dia foi um homem, estava em pedaços no chão, olhos arregalados e expressão de desespero ainda estão presentes no rosto de CARLINHOS. Zeca apavorado fica paralisado vendo aquela cena de horror a sua frente, todos estavam errado, a Fera não era Carlinhos.

Subitamente Zeca sente um bafo quente vindo de trás dele, no reflexo ele se vira e atira com a espingarda, acertando em cheio o peito da criatura, que cambaleia para trás. RAIVOSO o monstro se Ergue em duas patas e Uiva, em seguida serra os dentes e salta em direção a Zeca, que puxa novamente o gatilho atingindo diretamente entre os olhos do monstro que cai instantaneamente no chão, um último suspiro é dado, os olhos amarelos brilhantes ainda ficam fixos em direção a Zeca.

Apavorado, com lágrimas escorrendo pelo rosto, Zeca caminha lentamente em direção a Fera caída, percebe que o bicho não tem mais respiração. Ele começa a observar o monstro, vê pedaços de pano presos aos pelos do animal, um cadarço preso a suas patas, resquícios de roupas. Com o pé, ele vira o bicho para cima, parece pesar uns 120 quilos, ao virar o bicho, Zeca arregala os olhos, cai de joelhos ao lado do monstro morto, ele não consegue crer no que vê, o bicho tinha em seu pescoço um terço pendurado, embora Zeca não fosse um grande adepto da igreja, ele conhecia bem a capela local, e ele sabia quem usava aquele Terço. O monstro era o Padre da cidade, a Fera interna do Padre não poderia permitir que alguém tivesse uma fé maior que a dele, por isso naquela noite sinistra, caçou o seu rival. Ninguém poderia carregar mais fé do que o Padre. Zeca sumiu da cidade no dia seguinte sem falar com ninguém, ele foi acusado pelo assassinato de Carlinhos e do PADRE da cidade. A cidade nunca mais teve nenhum caso de ataques nas Luas cheias.

Conto escrito e narrado pelo Anfitrião!

Assista esse conto em nosso canal no Youtube!



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