Além da Imaginação Real

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quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Contos do Além #2: O Velho Da Rua 48!


No bar, o clima até que estava agradável, com as pessoas de sempre lamentando os problemas de sempre. Eu vou explicar tudo com o máximo de detalhes possível, para que você entenda que não se trata de uma história fantasiosa. Tudo o que aqui aconteceu foi exatamente do jeito que vou relatar. 
Eu aqui estou contando o meu ponto de vista de um 
acontecimento que, honestamente, me deixou inquieto. Ponto de vista esse que partiu de uma mesa no canto esquerdo do corredor que dava para a entrada do banheiro do boteco. Um lugar escuro, mas que, coincidentemente, dava pra ver tudo o que acontecia no local. Quase todos por lá interagiam. Claro, uns mais e outros menos. Eu estava sozinho na minha mesa, e perto de mim, um casal, que por tão sem noção que era quase foi expulso do local por atentado ao pudor. 
Em situações como essas eu até que tento, sem muito sucesso, ignorar comportamentos primitivos, mas não dá. Pelo amor de Deus, porque eles não arrumam logo um quarto? Seria menos constrangedor para eles e pra mim. No balcão, que fica do lado esquerdo de onde estou, uns três metros a frente, estava uma mulher. Dizer que ela estava insinuante era o mínimo. De vestido vermelho e salto alto preto, parecia estar pronta para a caça. Assim de costas, só dava pra ver que era um mulherão de uns 30 anos. Mas aí se ela era uma femme fatale ou uma prostituta eu não tenho certeza, noto apenas que ela perscruta suas redondezas de forma quase promíscua em busca de uma noite, digamos, mais produtiva.
Não muito longe dela, também no balcão, estava um homem alto e bem vestido. Sua dificuldade em olhar fixamente para as coisas ao seu redor me fazem deduzir que aquela dose de whisky já deveria ser a décima da noite. Todo rabo de saia que passava por ele recebia cantada. Era só uma questão de tempo pra ele ficar ainda mais embriagado e pegar o primeiro dragão que passar. Perto da sinuca, outro casal achando que isso aqui é um Motel. Entre tacadas desengonçadas e baforadas de um cigarro, no mínimo suspeito, estavam 5 amigos. O mais alto deles era o da vez, tentando encaçapar uma bola que, de onde estou, diria que é a vermelha, número 3. Mas isso não vem ao caso. Todos parecem ter saído de alguma faculdade, vejo cadernos e mochilas espalhadas no canto da parede. 
Na mesa ao lado da sinuca dava pra ver uma mulher aparentemente depressiva. Ela deveria ter lá seus 40 anos, eu acho. Seu semblante não era dos melhores, cabelos levemente despenteados e maquiagem tão borrada que mais parecia ter ficado inconformada com o segundo lugar num concurso de drag queens. A coitada compartilhava com o vazio da cadeira ao lado mais um copo de uma mistura de vodka com frutas vermelhas. Passando o olhar investigativo pelo resto do bar eu vi um homem elegante. Já falei que meu sonho sempre foi ser detetive? Ok, vou tentar manter o foco na história, o homem estava visivelmente estressado. Levava consigo uma pasta de couro preta e tiras marrons na lateral. Um funcionário de escritório contábil buscando afogar suas frustrações num boteco qualquer. Vejo também os garçons, que não param um instante, ficam pra lá e pra cá numa dança sincronizada. Um deles estava levando um prato com batatinhas e o que parecia ser um filé à parmegiana. Ao chegar numa mesa onde estavam 3 mulheres, ele para e entrega, além do prato, um bilhete e uma bebida, apontando em seguida para o cara do balcão. Claro, aquele pseudo-Don Juan ainda estava achando que ia faturar uma gata, mesmo bêbado daquele jeito. As garotas eram bonitas, uma loira, e duas morenas. Conversavam como se estivessem no quarto de uma delas, super à vontade. O tipo de grupo de amigas que não sai necessariamente para se dar bem, estavam apenas curtindo a amizade. Prova maior disso foi o que aconteceu com o bilhete, jogado no lixo no mesmo instante que foi recebido. Como não tinha muita coisa pra fazer naquele dia, decidi ficar mais um pouco. Pedi outra rodada de petisco e mais uma cerveja. 

Continua...

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