Além da Imaginação Real

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quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Contos do Além : Onde está meu filho?


Alguns anos atrás uma moça de vinte e oito anos estava internada em um hospital, com câncer em estado avançado. Ela estava grávida de sete meses e meio quando a internaram pela ultima vez, seu marido havia morrido três meses antes em um acidente de carro. Ela cresceu em um orfanato em São Paulo e não tinha família. Os empregados do hospital se comoveram com sua história e todos faziam o possível para alegrá-la, porém nada adiantava. Sua tristeza pela solidão e o fato de que talvez nem conheceria seu filho pois o preço de dar a luz a criança poderia ser sua vida, e ela estava disposta a pagar.

Alguns dias depois de ser internada ela veio a falecer. Os médicos conseguiram salvar o bebê e o nomearam de  João.Uma das enfermeiras do hospital começou com o processo de adoção do bebê, pois seu marido não podia ter filhos e ela viu a oportunidade para ter um filho, depois de quatro meses a adoção foi concedida.

A verdadeira mãe da criança parece que não se esqueceu do filho nem depois da morte. Laura a enfermeira que adotou o bebê estava de plantão quando um paciente veio falar com ela.

“Alguém tem que tirar aquela mulher do meu quarto”.

“De que mulher o senhor esta falando?”

“Aquela doida que esta gritando comigo e perguntando "onde esta o filho?".

Laura foi até o quarto do paciente e não havia ninguém lá. Ela chamou o médico que disse que ele poderia estar alucinando e o sedaram. Quando ela voltou para seu posto seu telefone tocou, ela atendeu, seu corpo estremeceu de terror. A voz feminina vinda do outro lado lhe era conhecida.

“Onde esta meu filho? Por que você o tirou de mim?” – questionava a voz chorosa do outro lado da linha.

Laura começou a rezar. O fantasma da moça a estava assombrando, mas nada adiantou. Outras pessoas começaram a relatar que haviam visto o fantasma.

O tempo passou e Laura continuava vendo e escutando a verdadeira mãe de seu filho. Os pacientes da ala de câncer também continuaram a ver as aparições. O hospital tentando encobrir disse que era efeito de um medicamento para câncer, mas a população não acreditou. Meses depois mudaram a ala de câncer para um prédio novo, mas o fantasma foi junto e as pessoas continuaram a ver o fantasma. Laura se demitiu e nunca mais viu o fantasma da mulher. Mas dizem o hospital ainda continua assombrado. Vários empregados do hospital já a viram andando pelos corredores do hospital perguntando pelo filho, os pacientes dizem que escutam alguém tocar na porta, mas quando abrem não tem ninguém.

Pesquisa e Adaptação: Milena Zorek!

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sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Contos do Além: A Brincadeira do Copo!


Parte 3 – Na Caverna

Bárbara não aguentou o cansaço e dormiu antes do amanhecer. Segundos depois começou a sonhar. Ela estava com a roupa do hospital e descalça. Estava caminhando em uma estrada de terra cercada de arvores dos dois lados. Era noite e a única luz presente vinha da lua nova no céu. Ela estava sozinha, andando sem rumo, até que avistou a silhueta de uma pessoa no horizonte. Ela correu em direção a pessoa e ao aproximar-se viu que se tratava de sua avó que havia falecido dois anos atrás.

“Vovó Emilia?” – disse ela com voz tremula.

Sem dizer nada sua avó abriu os braços. Barbara foi ao seu encontro e a abraçou. As duas se emocionaram e lágrimas escorreram por seus rostos.


“Venha, vamos andando. Eu vou te contar algo.” – disse a senhora levando Bárbara pelo braço. “Algumas pessoas vêm ao mundo com missões especiais e carregam dentro de si um poder muito forte, muitas falham e outras não. Mas todas sentem o chamado do dever no momento certo, ou quase todas. O poder que há em você despertou muito antes da hora, por uma boa causa, mas antes da hora. O mundo é assim, coisas inusitadas acontecem a todo momento. Eu estou aqui para te dizer que você tem que entender que você tem esse poder e que você deve acreditar em si para usá-lo. O que você fez dentro daquele quarto de hospital foi algo raro. Artur também tem um poder dentro dele, mas é diferente do seu. Mais para frente ele vai entender, mas nesse momento o demônio quer usá-lo para seu próprio interesse.”

Emilia segurou o rosto de sua neta com força e olhou-a nos olhos.

"Entenda isso querida. Só você, pode salvar seus amigos. Muitas vidas dependem disso. Por conta daquela “brincadeira” vocês criaram algo muito perigoso.”

“Como vó? Eu não sei como. Eu estou com medo, acho que não sou a pessoa certa. Alguém tem que me ajudar.”

“Você é inteligente, você vai encontrar uma maneira. E se você não for a pessoa certa, acho que estamos em sérios apuros.” - respondeu Emilia desaparecendo no ar.

Bárbara acordou com um pulo. Sua mãe estava a seu lado com o médico.

“Boas notícias filha. O doutor acabou de te dar alta.” – disse Sofia sorrindo para a filha.

Sem prestar muita atenção nos dois, Bárbara pegou seu celular e ligou para Artur, mas deu na caixa de mensagens. Em seguida ligou para o celular de Caio e José e também estavam desligados. Ligou para a casa de Artur, uma mulher atendeu.

“Oi dona Silvia. Aqui quem fala é a Bárbara. O Artur se encontra?”

“Não, está na escola. Você está melhor?” – respondeu a mãe de Artur.

“Estou sim, obrigada. Me desculpe, eu estou meio perdida no tempo. Que dia é hoje?”

“Quinta-feira .”

“A senhora pode pedir para o Artur me ligar assim que ele chegar em casa?”

“Claro. Melhoras para você.” – respondeu a mulher, desligando logo em seguida.

Recebendo alta do hospital Bárbara e sua mãe foram direto para casa. Bárbara disse que iria descansar um pouco mais e foi para o seu quarto. Ela deitou na cama e começou a pensar em um jeito de acabar de vez com essa história. Seu computador que ficava de frente para sua cama estava ligado com o navegador de internet aberto em sua página inicial, o Google.


“Ah, a melhor invenção desde o ar condicionado!” – exclamou.

Sentando-se em frente ao computador ela começou sua busca por explicações e informações sobre o tabuleiro ouija. Entrando página por página, link após link e lendo um monte de matérias imprestáveis ela começou a ficar frustrada. Mais de quatro milhões de resultados, poderia levar meses para descobrir alguma informação valiosa. Mesmo assim ela poderia tentar alguma das dicas que tinha lido. Uma página dizia para jogar água benta no tabuleiro, outra dizia para queimar o tabuleiro e enterrar as cinzas e outra dizia que para ficar livre do espírito era só jogar o tabuleiro fora.

Nenhuma dessas dicas a convenceu e ela seguiu procurando. Ela acabou achando um site em espanhol que chamou sua atenção. Finalmente ter freqüentado o cursinho de espanhol forçada por sua mãe serviria para alguma coisa. Neste site ela leu uma história contando os eventos parecidos com o que havia ocorrido com ela e seus colegas. O fato havia ocorrido no México. Um grupo de rapazes foi acampar em um local onde houve um suicídio em massa. O local foi escolhido pelo espírito. Lá um dos rapazes foi possuído e com suas próprias mãos matou alguns de seus amigos. Um deles tropeçou em uma mochila e acidentalmente caiu em cima do copo utilizado para a brincadeira. O copo ficou em pedaços. Nesse momento o espírito perdeu o controle sobre o jovem.

O celular de Bárbara tocou. Na tela apareceu o nome de Artur e ela atendeu rapidamente.

“Bárbara, fiquei sabendo que você saiu do hospital. Eu, José e o Caio estamos entrando na cave agora e...” – falou Artur sendo interrompido por Bárbara.

“Escuta, sai daí agora. Venha para minha casa.” – disse Bárbara.

“Conexão...cave...ruim...vem...”

“A ligação ta cortando, sai da cave.” – gritou.

Sem obter resposta, ela saiu do quarto desesperada. Ela procurou sua mãe, mas não a encontrou. Decidiu ir até a cave de bicicleta, em dez ou quinze minutos estaria lá.


Enquanto isso os demais entraram na cave. Eles foram instruídos a ir até no final da caverna onde a escuridão era total e ninguém os encontraria. Chegando ao local dito pelo Mestre eles colocaram o tabuleiro no chão. Apagaram as lanternas que usaram para chegar até lá e acenderam algumas velas. Os três se sentaram em volta do tabuleiro e colocaram suas mãos no objeto circular no centro.

“Mestre, você está entre nós?” – perguntou Artur.

O objeto começou a tremer e começou a mover-se e girar. Foi até o número 6, afastou-se um pouco e voltou ao número 6, afastou-se novamente e voltou ao número 6. O objeto voltou ao centro e ficou lá por alguns segundos. Novamente voltou a mover-se formando o número 666 continuamente. Os três rapazes se entreolhavam assustados. Eles sabiam o que aquele número representava.

As velas se apagaram. Nada podia ser visto. Algum deles retirou a mão do objeto do tabuleiro.

“Quem tirou a mão do copo?” – perguntou José.

“Não fui eu.” – respondeu Caio. “Artur foi você?” – completou.

“Sim, chegou a hora de começar a diversão.”

A voz veio da direção onde Artur estava sentado, mas os outros rapazes sabiam que aquela não era sua voz.

A vela próxima de onde Artur estava sentado acendeu-se. José e Caio olharam para Artur com terror. Seu rosto estava pálido e estava alongando-se. Artur sorriu, agora com dentes pretos e pontiagudos. Ele colocou o dedo indicador sobre seus lábios negros, dizendo aos demais para ficarem em silêncio. Seus dedos também tinham alongado e agora estavam o dobro do tamanho de um dedo normal. Suas unhas mais pareciam garras com uns cinco centímetros cada com a ponta como de um punhal.


Ele jogou sua cabeça para trás fazendo seu pescoço estalar. Olhando para Caio ele levantou-se fazendo um sinal para que o rapaz ficasse quieto.

“Eu não preciso mais de você.” – disse Artur.

“Artur, o que você está fazendo?” – Perguntou Caio.

“Artur? Não, seu amiguinho agora é só um expectador, seu mestre é quem está no comando. O mais excitante de tudo é que ele verá tudo acontecer, mas será impotente de ajudar vocês de qualquer maneira.” – disse o mestre.

Agachando, Mestre pegou Caio pelo pescoço. O rapaz se esforçava para livrar-se do mestre, mas a força que ele tinha era imbatível. José pulou nas costas do Mestre gritando e unhando suas mãos.

“Solta ele seu desgraçado, volte para o inferno de onde veio.” – gritou José observando Caio ficar roxo.

“Eu vou sim, em breve, e você estará comigo.” – respondeu Mestre dando uma risada macabra.

Mestre jogou o Caio com força em uma pedra. Suas costas atingiram a quina da pedra, fazendo com que sua espinha quebrasse. José, ainda nas costas do mestre, escutou o som dos ossos quebrando e começou a chorar. Com uma facilidade de um humano pegando um filhote de cachorro, mestre segurou os braços de José e o tirou de suas costas. Agora era o pescoço de José que estava sendo pressionado. Ele começou a sufocar. Mestre apertava o corpo de José contra a parede úmida da caverna.


“Eu vou te ensinar a me respeitar. Vou te dar uma chance, da próxima vez que você se virar contra mim eu vou te matar de uma maneira muito desagradável, para você é claro. Mas aqui vai uma pequena lição.”

Mestre estendeu seu dedo mindinho da mão esquerda. A unha era tão grande como o dedo. Lentamente ele enfiou a unha dentro do olho direito de José que gritava implorando por misericórdia. Retirando a unha lá de dentro ele a levou até sua boca.

“Ahhh que saudades. Vocês humanos tem um gosto muito bom, não importa que parte.” – disse Mestre olhando para José.

José olhou para o demônio com desânimo. Tudo estava perdido. Mas alguma coisa atrás do mestre chamou sua atenção. Tentando enxergar na escuridão ele não sabia direito o que era. Percebendo o olhar de José mestre o soltou e olhou para trás. Bárbara estava lá de pé, em cima do tabuleiro e segurando o objeto usado como copo em sua mão direita.

“Eu vou acabar com essa merda agora.” – disse ela com ar triunfante.

“Você nem sabe como. Você é só uma criancinha mimada, cheia de dúvidas e querendo atenção.” – respondeu Mestre.

“Vamos testar sua teoria.” – disse Bárbara sorrindo.

Ela jogou o objeto para cima e quando ele caiu em sua mão novamente ela arremessou-o com toda sua força na parede mais próxima de onde estava. Mestre arregalou os olhos, gritou e saltou de forma desumana em direção ao objeto deixando-o escapar somente por alguns centímetros.

Atingindo a parede o objeto estilhaçou-se em pequenos pedaços. Uma luz forte emanou do lugar de impacto. Mestre se contorcia de dor e gritava desesperadamente.

“Um dia eu volto. Você ainda vai me pagar.”

Bárbara assistia aquilo com uma satisfação inexplicável. Aos poucos o corpo de Artur foi voltando ao normal, mas ele estava inconsciente. José estava chorando com a mão em cima do olho perfurado. Caio estava inconsciente.

3 meses depois...

Artur abriu os olhos e notou que estava em um hospital. Seu corpo doía e seus membros não respondiam bem a seus comandos. A luz que vinha da janela o incomodava um pouco. Sua visão foi ajustando-se a claridade e ele pôde ver melhor. Bárbara estava sentada em um sofá. Ela estava diferente, muito diferente. Seus cabelos, antes pintados de vermelho agora estavam marrom escuro, a cor natural. Também estavam amarrados como um rabo de cavalo em vez de soltos e despenteados. Ela agora usava um short bege e uma camiseta branca ao invés das calças pretas surradas e blusas rasgadas. Ela já não usava o lápis preto ao redor dos olhos. Agora um óculos retangular cobria seus olhos. Ela estava lendo um livro.

“Ei, o que você fez com a minha amiga?” – disse Artur.

Bárbara olhou para Artur, jogou o livro de lado e sorrindo foi até a cama. Ela colocou a cabeça no peito de  Artur e o abraçou. Lágrimas escorreram de seu rosto molhando a camiseta do rapaz.

“Eu sabia que você iria melhorar, eu sabia.” – disse Bárbara chorando. “Você é muito dorminhoco.” – completou já mudando seu tom de voz e limpando as lágrimas em seu rosto.

“Há quanto tempo estou dormindo?”

“Três meses. Eu tenho vindo todos os dias para o hospital depois da escola. Caio e José também, eles devem aparecer a qualquer momento.” – respondeu ela.

“E o que aconteceu com você nesse tempo?”

“Resolvi mudar um pouco, aquele visual me deixava com a energia muito negativa.” – respondeu Bárbara.

Naquele momento Caio e José entraram pela porta do quarto. Artur sentiu seu coração afundar e ele não pôde controlar o choro, apesar de seus amigos sorrirem quando o viram consciente. Caio estava em uma cadeira de rodas e José usava um tampão seu olho.

“Galera, me desculpa. Tudo isso foi minha culpa.” – disse Artur chorando francamente.

“Shhhh.” – disse Bárbara levantando uma mão. “Nós somos tão culpados quanto você. Também fizemos um pacto de nunca mais falar nesse assunto, mas também nunca esquecer.”

Com uma das mãos Artur segurou a mão de Bárbara, com a outra passou a mão por seu rosto. Ela o beijou e os quatro riram. Eles sentiam que suas vidas tinham mudado e um sentimento de esperança dizia que para melhor.

FIM!

Pesquisa e Adaptação: Milena Zorek!

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quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Roteiro de viagens do Além! #12

Todos os dias e anos em cada canto do mundo, o turismo de horror vem aumentando. Agências oferecem passeios em locais onde aconteceram homicídios, prisões oferecendo pacotes em que o hospede é tratado como um presidiário e visitas em casas mal assombradas. 
Porque as pessoas querem tanto visitar lugares que muitas vezes são marcados pelo sofrimento?
Os motivos são vários, desde aprender com os erros do passado como também apenas pela simples curiosidade, estudiosos querendo investigar esses fenômenos paranormais e etc.
Seja qual for seu interesse, tenha uma boa viagem


Casa Boleskine :
Inverness Escócia

Lago Ness, Aleister Crowley e Led Zeppelin. Uma única casa combina esses três elementos:
A misteriosa formação natural escocesa, o polêmico ocultista britânico e a banda co vasto histórico de contato com magria negra.
A residência Boleskine pertenceu a Crowley entre 1899 e 1913.
Foi comprada por Jimmy Page em 1971. Dizendo que ficou incomodado pelas más vibrações do local, o guitarrista do grupo britânico, um dos mais importantes da história do rock, visitou a casa poucas vezes e a vendeu em 1992.
A cada Boleskine fica nos planaltos escoceses, nos arredores do Lago Ness, conhecido pelas lendas de que abrigaria um ser de aspecto monstruoso.
Está em uma colina, posicionada sobre um cemitério. Erguida na década de 1760 para ser uma cabana de caça, já tinha a reputação de registrar atividades paranormais quando Crowley adquiriu a residência e começou a frequenta-la - uma igreja no mesmo terreno teria pegado fogo durante uma missa e ninguém teria sobrevivido; a residência teria um túnel de acesso para o cemitério onde foram colocadas as vítimas.
Para ele, a casa era o lugar ideal para desenvolver suas pesquisas em torno do Livro de Abramelin, escrito no século 15 com objetivo de reunir conhecimentos mágicos da cabala e do antigo Egito para permitir ao usuário conversar com seu anjo da guarda.
Para alcançar o anjo, ao longo de seis meses marcados pela abstinência de álcool e pelo celibato absoluto, seria preciso invocar 12 demônios e neutralizar um a um.
Acontece que o ocultista teve que interromper o processo no meio e viajar para Paris. Sua vida nunca mais foi a mesma . Nem a casa. desde então, tragédias cercam quem entra em contato com o local.
Hugh Gillies, por exemplo, braço direito de Crowley , perdeu dois filhos de maneiras misteriosas.
O proprietário em 1965, o major Edward Grant, cometeu suicídio. Não deve ser por a caso que Boleskine pegou fogo em 23 de dezembro de 2015, e neste momento está abandonada e parcialmente destruída. 



Pesquisa e Adaptação: Milena Zorek!

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sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Contos do Além: A Brincadeira do Copo!


Parte 2 – No hospital:

O episódio com os quatro adolescentes foi definido como um acidente causado por uma brincadeira boba. Quando questionaram Bárbara sobre o que tinha acontecido ela disse que, no escuro, tropeçou e caiu várias vezes, esbarrando nas cadeiras. Ela preferiu não contar a verdade, pois quem iria acreditar que com uma brincadeira eles haviam evocado um espírito do mau?

Bárbara estava almoçando quando viu Artur, José e Caio entrarem pela porta de seu quarto no hospital onde se recuperava. Ela sentiu um aperto forte no coração, algo estava errado. Os três, que alguns dias antes eram alegres, fortes e vivos agora pareciam zumbis. Estavam pálidos, com os olhos fundos e andavam curvados.

“Nossa e eu pensando que tinha levado a pior.” – disse ela em seu tom brincalhão.

Ninguém riu. Seus olhares desesperados contavam que algo muito ruim estava acontecendo. Artur foi o primeiro a se aproximar. Ele se aproximou de Bárbara e segurou sua mão. Bárbara notou que ele estava segurando para não chorar.


“Aquela brincadeira foi um erro.” – disse Artur. “Você não faz ideia do que estamos sofrendo. E também pelo que aconteceu com você. Essa entidade que nós evocamos está nos atormentando, todos os dias e todas as noites.” – completou enquanto limpava uma lágrima caindo de seu rosto.

“Vocês tem que contar isso para seus pais. Alguém vai ajudar vocês.” – disse Bárbara.

“Não. Ele disse que se contarmos para alguém nós vamos morrer.” – respondeu Caio.

“Vocês jogaram de novo? Eu não acredito. Que falta de responsabilidade, olha o que aconteceu comigo.”

“Não tivemos escolha. Como eu disse, ele está nos atormentando. O fantasma aparece a qualquer hora ou lugar. Ele não pode se comunicar, mas eu o vejo o tempo todo. Dentro do meu guarda-roupas, no banheiro ou quando estou comendo. Quando durmo tenho pesadelos onde ele me leva para um lugar escuro e no sonho eu viro seu escravo. Ontem eu estava conversando com minha mãe e estava a ponto de contar tudo pra ela, mas ele apareceu. Ficou fazendo gestos como se estivesse cortando o pescoço dela ou a enforcando.” – respondeu José.


“O mesmo esta acontecendo comigo e com o Caio.” – completou Artur. “Eu peguei o tabuleiro e nos reunimos na casa do Caio. Lá o espírito nos disse que só vai nos deixar em paz quando nós fizermos a brincadeira do copo na cave.”

“Não contem comigo, eu já paguei caro pelo meu erro. Acho perigoso vocês o fazerem também, a energia de lá é negativa. Vocês já escutaram as histórias e lendas urbanas que envolvem o lugar. Isso está me cheirando como uma armadilha.” – disse Bárbara.

“É verdade. Mas que escolha nós temos? Eu tenho medo de contar para algum adulto e ele acabar saindo machucado, ou pior. Se não formos ele nunca irá nos deixar em paz.” – disse José.

Enquanto os outros conversavam, Caio afastou-se do grupo e andou em direção a janela. Eles estavam no sexto andar do hospital e a paisagem que se via era linda e hipnotizante. Uma vontade de pular repentina correu por seu corpo. Ele não entendia aquele sentimento, mas pensava que saltar o faria sentir-se livre. Algo como solucionar um problema sério ou ler a última página de um livro ruim. Aquela sensação foi crescendo dentro dele e seguindo um instinto incontrolável ele subiu na poltrona que ficava a beira da janela. Alguém chamou seu nome com um grito. Ele sabia que era um grito pelo tom, mas a voz chegou abafada em seu ouvido. Ele decidiu que não era importante dar atenção ao chamado e colocou uma perna para fora da janela.

Todos gritaram e correram em direção a Caio. Bárbara foi a primeira. Ela saltou já em direção a janela. A agulha do soro presa ao seu braço rasgou sua pele. Ela gritou, mas sem hesitar por um segundo alcançou a camisa de Caio e o segurou firme. Os demais finalmente chegaram para ajudá-la a segurar o corpo de caio que todavia pendia para fora. Eles puxaram o rapaz para dentro e o deitaram no chão, segurando-o com força.

Piscando os olhos Caio parecia voltar a si. Com olhos confusos ele observou os três segurando-o ao chão. Percebendo que ele parecia voltar a si seus amigos o soltaram.

“O que aconteceu Caio?” – perguntou Artur.

“Eu não sei, não consigo explicar. Em um momento eu estava aqui, no outro eu estava na janela prestes a pular. Um sentimento mais forte que me dizia para pular. Que estranho. Se não fosse por vocês eu estaria morto.” – respondeu Caio com voz tremula e olhos cheios de lágrimas.

Todos se viraram para Bárbara que segurava seu braço tentando estancar o sangue que saia do corte feito pela agulha quando ela pulou para salvar Caio. Ela franziu a testa.

“É só um corte bobo, vocês tem coisa muito mais importante para se preocuparem.” – respondeu com um tom áspero.

Artur sentiu um frio na barriga. Uma vontade de abraçá-la. Observou com detalhes seu rosto branco e seus lábios pequenos e rosados. Bárbara era durona e as vezes mal encarada, mas ele sabia que por dentro daquilo tudo, havia uma menina insegura e doce. Ele sentiu seu rosto queimando e sabia que estava vermelho. Com sorte ninguém iria notar. Será que ele estava se apaixonando por ela? Ele chacoalhou a cabeça e desviou seu pensamento.

“Talvez depois que isso tudo estiver terminado.” – pensou.

Depois de algumas horas discutindo possíveis soluções para o problema e sem chegar a uma resolução os três rapazes foram embora. Logo depois, Sofia, mãe de Bárbara, chegou ao hospital.

“Oi filhota.” – saudou Sofia. “Mamãe veio dormir com você.” – completou apertando a bochecha da filha que franzindo a testa tirou a mão da mãe de seu rosto. “Você está estressada nenê? Olha o que eu trouxe pra para a janta.”

Sofia retirou da sacola um hambúrguer e uma batida de morango. Bárbara como sempre tentou disfarçar a felicidade, pois gostava de fazer papel de durona até para sua família, mas sua mãe a conhecia bem. Cedendo finalmente a alegria de ver aquele x-tudo e o batida de morango ela abriu um belo sorriso.


As duas comeram e conversaram sobre diversos assuntos e assistiram televisão. Quando o hospital começou a ficar mais silencioso elas se prepararam para dormir. Sofia ajeitou-se no pequeno sofá do quarto.

“Mãe, a senhora acredita em vida após a morte?” – perguntou Bárbara.

“Eu não sei filha. Eu procuro não pensar nisso. Você sabe, seus avós são católicos então eu ia a igreja quando era pequena, mas na verdade não sei em que acreditar. Por que você esta perguntando?”

“Quando eu tive o acidente no auditório eu pensei que eu iria morrer e fiquei com medo. As vezes também tenho medo de espíritos, almas penadas e outras coisas.” – disse Bárbara procurando uma maneira de contar tudo para a mãe.

“Não tenha medo filha. Eu nunca vi ou senti nada, mas também nunca procurei. Eu acho que essas coisas são melhores se são deixadas em paz. E sobre a morte eu penso que se existe vida após a morte deve ter algo bom pra mim do outro lado, pois eu tenho a consciência limpa. Se não existe eu não saberei, pois estarei morta. Então pra que me preocupar.” – disse Sofia.

“A senhora tem razão. Boa noite.” – respondeu Bárbara.

As duas dormiam profundamente. Mestre, como gostava de ser chamado, andava de um lado para o outro no quarto do hospital pensando em alguma maneira de atormentar a vida delas e neutralizar Bárbara. Ele sabia que ela era uma ameaça ao seu plano.

Ele era uma entidade demoníaca. Andava pela terra trazendo desgraça e sofrimento para as pessoas. Havia pouco que podia fazer em sua verdadeira forma. A surra que havia dado em Bárbara veio a grande custo. Materializar-se para tal feito não era fácil. Exigia energia acumulada por anos. Mas ele sabia que compensava, pois Artur era a conexão perfeita com o mundo material para poder continuar sua obra de terror.

Ele sentia um grande poder em Bárbara. Ela tinha uma personalidade forte e uma força de vontade rara. Mas não era só isso, algo mais, mas ele não podia entender o que era. De qualquer maneira, ela era uma ameaça e ele tinha que acabar com ela ali mesmo.


Mestre estava fraco para executar um assassinato sozinho. Sufocar-la seria simples, mas ele não conseguiria materializar-se o suficiente para segura-lá a cama e tampar sua boca e nariz ao mesmo tempo. Ele começou a enviar energias negativas para todos os lados requisitando ajuda de outras entidades. Não seria difícil conseguir, pois haviam muitos pelo mundo que o deviam favores. Não era incomum a troca de favores e o trabalho em grupo. Algumas atividades exigiam legiões inteiras para serem executadas.

Em questão de segundos, mãos saíam de baixo da cama entrelaçando Bárbara como correntes. Ela acordou imediatamente, tentou gritar, mas Mestre já tinha materializado suas mãos e agora cobria não só sua boca, mas também o nariz de Bárbara.

Sentindo-se vitorioso Mestre sorriu desfrutando o momento, mas algo inesperado ocorreu. Bárbara para de se debater e sua aura começa irradiar luz. Com o quarto mais iluminado ela pôde ver a imagem de mestre. Ele era horroroso, mas ela com seu bom humor imaginou que ele poderia ser o filho do Frankenstein com o Corcunda de Notre Dame. Mestre escuta os pensamentos de Bárbara e sente debaixo de suas mãos que a boca, que antes procurava desesperadamente por ar, agora sorria.

Uma fúria incontrolável se apoderou do Mestre, ele foi perdendo sua concentração e suas mãos começaram a desmaterializar, fazendo com que a entidade ficasse mais furiosa. Nesse momento o inimaginável aconteceu. Mestre sentiu que Bárbara estava em sua mente. Pela primeira vez em milhares de anos era ele quem estava sendo invadido e dominado.

Bárbara sentiu seus pulmões enchendo-se de ar novamente. Aliviada ela olhou para o Mestre que parecia estar furioso. Ela o olhou nos olhos tentando imaginar o que ele queria. Uma imagem começou a se formar em seu pensamento. O sorriso que estava em seu rosto começou a desfazer-se.

Na primeira imagem, um homem estava carregando uma cruz passando por um corredor formado por uma multidão. Outros vinham atrás segurando chicotes na mão. Mestre estava ali. Ele não podia ser visto pelos demais, mas gritava dando ordens aos carrascos para seguir machucando o homem carregando a cruz. A imagem desfez-se.

Na segunda imagem, homens com trajes medievais lutavam entre sim. Soldados invasores trancavam as pessoas em suas casas ateando fogo ao teto de palha. As mulheres eram levadas para uma carroça fechada com grades de madeira enquanto esperneavam. Outra vez mestre estava ali gritando ordens de ódio.

Na terceira imagem, soldados vestidos de verde, com uma faixa com a cruz suástica amarrada no braço esquerdo estavam em volta de uma mesa onde observavam um mapa. Um homem de cabelo oleoso penteado de lado e com um bigode pequeno, apontava o mapa dando ordens a seus subordinados. Mestre estava ao seu lado sussurrando ao seu ouvido.

A quarta imagem mostrava o mundo mais moderno, o atual. Dois rapazes vestidos com sobretudos pretos e longos andavam por uma escola. Ao entrar em uma sala de aula eles abriram o sobretudo, sacando armas e matando vários de seus colegas. Novamente Mestre estava lá gritando e dançando ao som de gritos desesperados e armas de fogo.

A próxima imagem mostrava Artur e José caminhando por um shopping com cara de suspeitos. Cada um deles carregava uma mochila que parecia muito pesada. Antes que a imagem prosseguisse Bárbara começou a tremer. A vontade de acabar com Mestre foi aumentando, seu corpo irradiava cada vez mais luz até que uma explosão de energia vinda de seu corpo irradiou todo o quarto. Mestre a olhava confuso e com medo.

“Eu não vou deixar.” – disse ela.

Mestre e todas as mãos que a seguravam desapareceram do quarto. Bárbara olhou para sua mãe que estava dormindo sem saber de nada que estava acontecendo. O relógio ainda apontava cinco da manhã. Ela iria esperar amanhecer e contar tudo aos demais.

Enquanto isso, Mestre estava nos confins da Cave. Tudo havia mudado. Como iria executar seu plano agora? Ele sabia que o mundo estava cheio de gente com poderes como o de Bárbara, mas ele sempre tomava cuidado para não se aproximar de uma delas. O poder da garota estava adormecido e ele o havia despertado. Maldição. Agora mais do que nunca ele não podia falhar ou poderia sofrer sérias conseqüências. Ele não iria falhar.


Agora sua única chance de sucesso seria pressionar os três rapazes a fazerem a brincadeira do copo na caverna antes de Bárbara contar o que havia visto ou pudesse intervir. Uma vez que conexão com Artur fosse completa e o rapaz seria seu escravo até a morte.

Continua...

Pesquisa e Adaptação: Milena Zorek!


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terça-feira, 16 de agosto de 2016

Roteiro de viagens do Além! #11

Todos os dias e anos em cada canto do mundo, o turismo de horror vem aumentando. Agências oferecem passeios em locais onde aconteceram homicídios, prisões oferecendo pacotes em que o hospede é tratado como um presidiário e visitas em casas mal assombradas. 
Porque as pessoas querem tanto visitar lugares que muitas vezes são marcados pelo sofrimento?
Os motivos são vários, desde aprender com os erros do passado como também apenas pela simples curiosidade, estudiosos querendo investigar esses fenômenos paranormais e etc.
Seja qual for seu interesse, tenha uma boa viagem



Asilo De Ararat
Austrália

Em 130 anos de história, o maior hospital psiquiátrico da Austrália registrou mais de 13 mil mortes de pacientes. O lugar só poderia mesmo ser assombrado.
De jovens com epilepsia a alguns dos mais perigosos psicopatas do país, o sanatório recebeu todo tipo de público e tratou a todos mais ou menos do mesmo jeito: espancamentos, períodos longos de isolamento, terapia de eletrochoque e cirurgias invasivas. 
O antigo hospital tinha capacidade para receber mil pacientes simultaneamente.
Fechado em 1998 , o Ararat (posteriormente rebatizado Aradale) foi reaberto em 2001 como um centro universitário.
Os alunos enfrentam rajadas de vento gelado dentro de salas fechadas e divulgam as lendas da enfermeira Kerry e da paciente Margaret, que continuaram se movimentando - Kerry nos corredores, Margaret nos jardins. 
Agências de turismo levam para os ambientes onde eram realizadas as cirurgias, mas a área mais assustadora do edifício é o antigo necrotério.


Pesquisa e Adaptação: Milena Zorek!



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sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Contos do Além: A Brincadeira do Copo!


Parte 1 – Na Escola:

Artur é um adolescente que todos consideram atentado, mentiroso, desafiador, problemático e enxerido. Ele esta sempre se metendo em encrenca e levando outros junto. Ele gosta de invadir casas abandonadas, ir a lugares proibidos e fazer tudo que os adultos dizem que não pode ou é perigoso. Artur vai descobrir que certas coisas são melhores quando deixadas quietas.
Quatro adolescentes estavam sentados na biblioteca da escola onde estudavam quando Artur chegou. Todos ali tinham treze ou quatorze anos. Eram três e meia da tarde e apesar de estudarem de manhã, eles estavam ali para fazer um trabalho.

“Fala ai galera.” – disse ele, vendo todos se virarem em sua direção. “Vocês não sabem o que eu consegui.” – continuou tirando uma caixa da mochila. “Isso aqui é um tabuleiro de ouija. Com esse tabuleiro agente pode brincar da brincadeira do copo.


“Agora o Artur pirou de vez?” – Disse uma das garotas. “Nem louca eu vou mexer com isso. To fora, não quero nem escutar o resto.” – completou já se levantando da mesa e saindo.

Os demais esticaram seus pescoços em direção ao tabuleiro.

“Vamos para o auditório, eu vi os alunos da terceira série terminando o ensaio da apresentação do dia das mães e a porta ficou aberta. O zelador só volta para trancar no final da aula.” – disse José, um dos melhores amigos de Artur.

Sem mais nenhuma palavra eles pegaram suas mochilas e foram para o auditório.


O auditório era grande, podendo acomodar facilmente trezentas pessoas ou mais. Na parede da direita ficava um conjunto de janelas com mais ou menos dois metros de altura que iluminavam muito bem o ambiente. Cortinas grossas de veludo azuis estavam amarradas a cada poucos metros. A entrada do auditório por dentro da escola era ao lado do palco. Havia outra entrada pelos fundos do auditório que dava para fora da escola e era acessada por uma sala adjacente, mas era aberta para os pais somente quando havia alguma apresentação. Essa porta era de vidro com grade de ferro trabalhada em desenhos de flores. Eles foram para os fundos de modo que se algum professor ou o zelador entrasse no auditório eles poderiam ficar escondidos atrás dos assentos.

Artur colocou o tabuleiro no chão atrás da última fileira de assentos e todos sentaram ao redor. Eles estavam ansiosos para começar. Alguns sorrindo, outros com medo e sentindo o coração pular dentro do peito, mas com vergonha de dar para trás.

“Certo, agora todo mundo coloca a mão em cima desse objeto aqui.” – disse Artur mostrando um objeto circular com uma seta pintada. “Nós temos que invocar algum espírito. Se concentrem e vamos tentar chamar algum.”

“Deixa eu tentar.” – disse Bárbara, uma das mais loucas ta turma. “Pedimos que algum espírito ou entidade venha falar conosco. Juntem-se a nossa volta e responda a nossas perguntas.” – completou.

Eles se entre olharam esperando que algo acontecesse ou o objeto se movesse. Por vários segundos nada aconteceu, o suspense ficava mais intenso. Um deles estava prestes a dizer algo quando Bárbara gritou. O som de terror fez com que todos saltassem longe, olhando com horror para ela que já dava gargalhadas pela peça que ela tinha pregado nos colegas.

“Mas você é muito idiota mesmo Bárbara. Vai para o inferno.” – resmungou José.

“Eu não estou gostando nada disso.” – disse Caio, o mais franzino e medroso da turma.

“Calma gente, só uma brincadeirinha pra descontrair, vamos começar de novo. Dessa vez é sério e sem brincadeira.” – respondeu Bárbara.

Todos se sentaram novamente em volta do tabuleiro e colocaram as mãos sobre a peça.

“Há algum espírito entre nós?” – Perguntou Artur.

O objeto começou a mover-se lentamente e foi arrastando até a seta apontar para a palavra “SIM”. Eles arregalaram os olhos.

“Não sou eu, se alguém estiver brincando agora é hora de parar.” – disse Bárbara.

“Você pode dar alguma outra manifestação da sua presença?” – perguntou de novo Artur.

Uma pancada alta vinda da janela fizeram todos se assustar. Artur arregalou os olhos e sorrindo continuou.

“A Bárbara vai passar de ano?”

A peça se moveu lentamente para a palavra NÃO.

“A esse ponto do ano e com as minhas notas eu não preciso de espírito nenhum me dizer isso. Agora eu vou perguntar algo sobre você. Espírito, o Artur vai ter uma morte lenta e dolorosa?”

A peça lentamente se moveu para a palavra SIM.

“Você esta passando dos limites Bárbara.” – reclamou Artur franzindo a testa, enquanto os outros tremiam de medo “Você pode nos dizer seu nome, ou te chamamos de espírito?”

A peça novamente começou a mover. Primeiro, moveu-se lentamente até a letra M, depois a letra E, depois S e com uma velocidade anormal completou com as letras TRE.

“Mestre?” – perguntou Bárbara. “Está de sacanagem.” – completou.

“Você não quer deixar o espírito bravo.” – disse Artur. “Mestre, você pode nos responder tudo que queremos?”

Outra vez a peça moveu-se demasiadamente rápido. Todos olhavam com olhos arregalados para o tabuleiro lendo, AQUI NÃO.

“Onde então?” Perguntou Artur.

Bárbara e os outros garotos retiraram suas mãos do objeto. Artur por fim retirou sua mão também e antes que ele pudesse dizer qualquer coisa a peça moveu por si própria. Em um ritmo acelerado o objeto soletrou “CAVE”.

Artur sorriu. Cave era como os adolescentes chamavam uma caverna que ficava em um parque da cidade. Apesar de ser proibido entrar nessa caverna os jovens sempre se reuniam lá para usar drogas ou outros atos de promiscuidade. O lugar em si tinha uma energia negativa que assustava Bárbara que havia ido ao local pouquíssimas vezes.


“Nunca que eu vou entrar na cave pra fazer essa brincadeira estúpida. E vocês também não deveriam. Eu já escutei muitas histórias onde as pessoas se deram mal. Agente não sabe quem ou o que está nos respondendo.”

“Você não quer deixar o espírito bravo, quer Bárbara?” – perguntou de novo Artur.

Antes mesmo que Artur pudesse terminar de pronunciar o nome de Bárbara as cortinas do auditório se fecharam. A escuridão no auditório era completa e o terror começou.

Bárbara sentiu duas mãos tocarem seus ombros com força e arremessando-a longe. Ela foi escorregando no piso de madeira encerado, um de seus tênis voando para o lado. Ela gritou alto, queria falar, mas não encontrava palavras. Ela sabia que não havia sido empurrada por um de seus amigos, nenhum deles tinha tamanha força.

As mãos outra vez lhe tocam, desta vez nos braços. Ela foi puxada, distanciando ainda mais de seus amigos que gritavam seu nome desesperadamente. Bárbara rolou e ficou de bruços para tentar levantar, mas foi detida por uma mão em sua cabeça que puxando seus cabelos, elevou sua cabeça alguns centímetros e logo depois arremessou-a contra o piso. Sangue escorria misturado com suas lágrimas e saliva. Em choque, com dor e sem forças ela se entrega e para de se debater.

Bárbara havia aceitado sua morte. Começou a rezar para que a morte fosse rápida para que seu tormento acabasse. Ela pensou em seus pais. Sendo filha única o sofrimento deles seria insuportável, especialmente para sua mãe. Novamente ela sentiu uma dor excruciante, agora em suas costas. A dor foi seguida de um barulho de chicote. As chicotadas continuaram até que ela, não suportando mais, desmaiou.

O resto da turma não via nada, mas ouvia tudo. Aterrorizados, eles correram para a sala adjacente onde se encontrava a porta de vidro grande que dava para fora da escola. Gritando e esmurrando a porta eles conseguiram a atenção de alguém que passava na rua.


“Moço, socorro. Estamos trancados aqui, avise na secretaria e peça que alguém venha abrir para nós. Uma de minhas amigas está machucada.”- gritou José para o homem do lado de fora.

Ele fez um sinal de positivo com o polegar e saiu em direção a entrada da escola.

Passado alguns minutos eles escutaram mais barulho no auditório e foram ver se era a ajuda chegando. A diretora, seguida da coordenadora e do zelador entraram furiosos e quando viram Bárbara no chão foram a seu socorro tirando sua atenção dos demais. Aproveitando o momento Artur enfiou o tabuleiro em sua mochila.

O zelador correu para cima do palco e desaparecendo atrás da cortina acendeu as luzes. A coordenadora e a diretora se ajoelharam ao redor de Bárbara.

“O que aconteceu aqui?” – perguntou a diretora.

“Nós só estávamos brincando. Fechamos as cortinas e a Bárbara começou a gritar. Pela escuridão não conseguimos encontrar a porta. Acho que ela teve um ataque e caiu.” – respondeu Artur, recebendo olhares fulminantes de José e Caio.


“Direto para a diretoria, os três.” – resmungou a coordenadora.


Continua...

Pesquisa e Adaptação: Milena Zorek!


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terça-feira, 9 de agosto de 2016

Contos do Além: A Mudança!


Julia e Rodrigo se mudaram para um apartamento novo. Estavam juntos há sete anos e eram muito felizes. Apesar de não terem muito dinheiro a oportunidade de compra apareceu inesperadamente e a proposta foi irrecusável, os antigos donos que se mudaram para outra casa e venderam o apartamento pela metade do valor real do imóvel e disseram que o pagamento poderia ser feito em seis meses.
Depois de dois dias morando lá, Rodrigo saiu para trabalhar e Julia ficou em casa, pois era seu dia de folga. Segundos depois que Rodrigo saiu, Julia escutou um movimento na sala e pensando que poderia ser seu marido. Para sua surpresa a sala estava vazia e ela ficou com medo de ficar ali. Então ela decidiu ir para o quarto quando escutou um sussurro.

“Fecha a porta do quarto, rápido” – disse a voz.

Nesse momento ela escutou uma voz grossa no corredor que dava para seu quarto.

“Estamos sozinhos, eu posso fazer de você o que quiser.” – disse seguido de uma risada macabra.

Julia agiu rápido e fechou a porta e quando olhou no corredor não viu ninguém e começou a chorar notando que estava sendo assombrada por espíritos malignos. Estava trancada no quarto, sem telefone e sem ajuda. Ali ela ficou por horas e horas até que Rodrigo veio para o almoço.
Ele bateu na porta do quarto e Julia abriu, ela explicou tudo o que aconteceu. Rodrigo pensou que a mulher deveria estar sonhando ou delirando mas ele decidiu ficar em casa o resto do dia.

Já de noite Rodrigo estava no banho, quando sentiu uma mão tocando seu ombro, ele se assustou e virou para ver quem era, mas só encontrou o vazio. Quis sair correndo mas não queria deixar a mulher mais impressionada. Ele sentiu que algo não estava certo, o terror o tomou completamente até que escutou uma voz.


“Mate sua esposa, ela esta te traindo com seus amigos, vai tomar todo seu dinheiro e te jogar na sarjeta, saia daqui e a enforque, mate-a, mate-a, ela só quer seu mal.” – escutou ele repetidas vezes.

Sem muito controle de si e já hipnotizado ele sai do banheiro e vai até o quarto onde Julia estava deitada na cama assistindo televisão.

“Põe roupa seu pervertido.” – falou Julia sorrindo. “Algo errado Rodrigo? Que cara é essa?” – questionou ao ver a feição do marido.


Rodrigo pulou na cama em cima de sua esposa e começa a estrangulá-la. Julia tentou gritar mas seu grito não podia passar pela garganta que estava sendo esmagada. Ela olhou ao redor de si e viu varias pessoas, todos vestidos de preto e davam gargalhadas ao ver a situação da mulher, ela pode então entender o que estava acontecendo, seu marido estava sobre a influencia de maus espíritos. Ela viu uma luz do lado de sua cama, e sua avó, que faleceu quando ela ainda era um bebê estava do seu lado. Julia pensou que estava morta e sua avó teria vindo buscá-la.

“Segura na minha mão filha e repete o que eu disser, dentro de sua cabeça somente, não em voz alta.” – disse a senhora, começando a cantar o que parecia uma musica de oração.

Aos poucos Julia foi retomando sua força e viu os espíritos que atormentavam seu marido, porém eles não riam e sim gritavam. Rodrigo caiu do lado da cama desmaiado e quando Julia olhou para cama, sua avó já não estava mais lá junto com todos outros espíritos. Ela correu até o telefone e ligou para sua irmã, que era uma médium e estava acostumada com tal assunto.

Quando sua irmã chegou ao lugar andou por todos os cômodos, parecia estar muito assustada.

“Julia, você e o Rodrigo tem que sair desse  apartamento agora e não voltem mais, mesmo que eu tente limpar-lo, espíritos das trevas sempre irão retornar para te atormentar. As macumbas e rituais demoníacos que foram feitos aqui marcaram o apartamento para sempre.” – disse sua irmã.

Quando Rodrigo acordou ela contou tudo a ele e mostrou as marcas dos dedos no seu pescoço. Furiosos eles pegaram algumas coisas pessoais e saíram do apartamento para nunca mais voltar. Porém iriam até a casa dos antigos donos tirarem satisfação.


Chegando lá Rodrigo bateu na porta da casa que estava escura e parecia vazia. Muito nervoso por quase ter matado sua esposa ele chuta a porta até arrombá-la. Quanto os três entram na casa viram que estava totalmente vazia.

“Não mora ninguém nessa casa a mais de vinte anos. O casal de velhos que moravam aqui morreu há muito tempo, os filhos nunca entraram na casa, tinham medo de...” – disse uma voz vinda da porta de entrada.

“Eu estive aqui há dois dias e eles estavam vivos, me venderam um apartamento e...” – gritou Rodrigo mas foi interrompido pelo homem na porta.

“Eu te vi aqui, você conversou sozinho o tempo todo, achei que você era louco. Como ia dizendo, o casal era muito rico, diziam que tinham pacto com o diabo e me ofereceram por varias vezes para fazer o mesmo, eu como bom cristão me afastei deles, mas sempre eu via que vinham pessoas aqui e eu podia escutar os gritos de tortura e encantos diabólicos, por varias vezes chamei a policia, mas nunca encontraram nada, os dois filhos que tinham os abandonaram ainda muito jovens, quando os pais morreram doaram os móveis, mas eu nunca os vi entrar na casa.” – disse o homem.


“Vocês foram vitimas desses espíritos, provavelmente queriam o espírito de Rodrigo.” – disse a irmã de Julia.

Rodrigo deu um grito de terror. Quando os outros olharam, ali estavam os dois velhos com olhos vermelhos e sorriso tenebroso. Os quatro correram para fora da casa e fecharam a porta. Julia e Rodrigo se abraçaram por um longo tempo tendo em mente que agora deveriam recomeçar a vida do zero.

Dizem por ai que o casal continua a procura de almas para coletar, então cuidado, a sua pode estar sendo observada agora mesmo...


Pesquisa e Adaptação: Milena Zorek!


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