Além da Imaginação Real

Além da Imaginação Real

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Curiosidades do Além: Conheça a história de Centralia, a Silent Hill do mundo real!


Você alguma vez imaginou se algo que viu em algum game pudesse ser real? Ou quem sabe possa ter sido baseado em fatos reais? Seria possível que um game nos conte uma história que por mais fantasiosa que fosse, pudesse ter uma parcela de verdade inserida? Pois então conheça agora a história Centralia,a Silent Hill do mundo real.
Certamente, quase todas as pessoas que gostam de games no mínimo conhecem o nome da série Silent Hill, uma série de terror sobre a cidade de mesmo nome, engolida pelas trevas e infestada por toda a sorte de monstros e demônios. E qualquer pessoa que conheça a série sabe que ela já foi adaptada ao cinema, naquela que é considerada por muita gente uma das melhores (ou seria menos piores?) adaptações de games para o cinema.
O filme Terror Em Silent Hill, adaptação do primeiro game da série, mostrou uma Silent Hill fiel da que é vista no game.A eterna névoa que envolve a cidade é resultado de um incêndio sem fim que ocorre no subsolo, por conta de antigas minas de carvão que entraram em combustão devido a um grave acidente.No entanto, essa pequena adaptação da cidade do cinema não foi mero capricho de produção. Pois a Silent Hill dos filmes, foi inspirada, além da lendária cidade do game, em uma cidade real dos Estados Unidos.

A cidade de Centralia, situada no distrito de Columbia no estado da Pennsylvania, possui uma história trágica, real, que ainda sobrevive nas ruas e casas abandonadas desta cidade que hoje legalmente não existe mais. Em 1841 uma pequena vila foi fundada por um homem chamado Johnathan Faust, que abriu uma pequena estalagem no local onde futuramente se estabeleceu a cidade.
Trinta anos depois, Alexander W. Rea, um engenheiro de mineração da Locust Mountain Coal and Iron Company se estabeleceu na pequena vila e foi de grande importância para seu desenvolvimento. Até o ano de 1865 a vila era conhecida como Centerville, quando no ano de 1866 a cidade foi oficialmente fundada sob o nome de Centralia.
A fonte de renda principal da cidade eram suas minas de carvão mineral, que traziam muita prosperidade a cidade em seus tempos antigos, tempos que, no entanto, infelizmente não eram muito pacíficos. Apesar de ser uma cidade relativamente pequena, ela estava muito longe de ser tranquila. A cidade sofria nas mãos da organização secreta chamada Molly Maguires, formada por mineradores de origem irlandesa, que realizavam inúmeros ataques criminosos, sequestros e assassinatos pelo estado da Pennsylvania.
A Cruz Ucraniana –  curiosamente, este é o simbolo predominante nos cemitérios de Centralia.

No ano de 1868, três membros da organização assassinaram o fundador da cidade, Alexander W. Rae, sendo condenados a enforcamento público, que por sua vez ocorreu na cidade de Bloomsburg anos depois. Além deste assassinato, muitos casos de assassinatos e incêndios criminosos eram registrados na pequena cidade.
Um desses incêndios resultou em uma das maiores tragédias da cidade, o grande incêndio de 1908. Não se sabe ao certo a causa do incêndio, se foi resultado de um acidente, ou de uma ação criminosa, mas sabe-se que ele destruiu muitas casas e armazéns, e que só pode ser apagado graças ao esforço de toda a população que ajudou de todas as formas a acabar com o fogo. Felizmente, não foram registradas mortes nessa tragédia.
Mas o incêndio de 1908 era pouco perto do que ainda estava por vir; a verdadeira ruína que se abateu na cidade e existe até os dias de hoje. No ano de 1962, a cidade foi engolida por um “inferno” de chamas inesgotáveis. Extensas pesquisas foram realizadas para apontar a causa exata do terrível evento que ocorreu neste ano.
No dia 27 de maio de 1962, a cidade contratou os serviços de cinco bombeiros voluntários para limparem um aterro perto do cemitério de Odd Fellows, como preparação para a comemoração do Memorial Day, um dia comemorado em muitas cidades americanas em honra às pessoas e soldados americanos mortos em guerras e combates. Os bombeiros atearam fogo nos entulhos espalhados pelo aterro para fazer a limpeza, como normalmente o trabalho é realizado.

Entretanto, o fogo não foi devidamente apagado, e por uma rachadura no solo, as chamas se alastraram para dentro da terra, atingindo as famosas minas de carvão de Centralia. O fogo começou a queimar o carvão e se alastrar em velocidade incrível por todo o subsolo, criando um incêndio que não poderia jamais ser apagado.
Uma tentativa de evitar que o fogo se espalhasse foi feita pelos bombeiros, que construíram algumas barreiras subterrâneas com argila, que consegue reter calor, mas foi uma tentativa em vão, visto que eles não deram conta de selar o lugar com a rapidez necessária,  e precisaram abandonar o local com os esforços incompletos para escaparem com vida.
Deste dia em diante, e nos anos seguintes, a cidade começou a sofrer cada vez mais graças aos efeitos do incêndio subterrâneo. Rachaduras gigantescas se abriam  por todos os lados, o solo começou a afundar em diversos pontos, a vegetação começou a adoecer e morrer rapidamente, casas e edifícios desabaram por conta do fogo, a temperatura do subsolo aumentou a um nível considerado de risco total (visto que além das minas de carvão, a cidade possuía tanques de combustível subterrâneos em postos de gasolina e indústrias), gás venenoso era expelido por rachaduras do solo, bueiros ou qualquer outro espaço por onde pudesse se esvair. E buracos enormes se abriam num piscar de olhos.
Esta terrível tragédia passou a se tornar mais conhecida e a se expandir pelo país. Inúmeros casos de doenças foram registrados por conta dos gases venenosos que tomaram a cidade, entre eles, monóxido de carbono e dióxido de carbono, além da diminuição do nível de oxigênio na atmosfera da cidade. E graças a um caso muito incomum, todas as atenções se voltaram para Centralia.

Aconteceu que, no ano de  1981, o garoto Todd Domboski, de 12 anos, por pouco não foi morto ao cair em um buraco de 46 metros de profundidade e 1,20 metro de largura que subitamente se abriu sob seus pés no quintal de sua casa. Todd escapou da morte graças a seu primo Eric Wolfang, de 14 anos, que o segurou antes que despencasse pelo enorme buraco.
Com o incidente, uma grande quantidade de gás foi expelido pela abertura no quintal de Todd; cientistas analisaram os gases e constataram que se trata de uma enorme quantidade de monóxido de carbono, em um nível altamente prejudicial à saúde.
No ano de 1984 o governo do estado da Pennsylvania tomou uma atitude drástica em relação a cidade. Durante todos os anos desde o início do incêndio, todas as tentativas de apagar as chamas falharam e o fogo espalhava-se cade vez mais. Foi então tomada a decisão de evacuar a cidade, que só foi possível utilizando-se a quantia de 42 milhões de dólares em todos os esforços. Mas apesar da decisão do governo, algumas famílias se recusavam a abandonar a cidade, mesmo sob avisos do governo e várias tentativas de removê-los da cidade.
Em 1992 o governador do estado na época, Bob Casey, declarou domínio iminente em todas as propriedades da cidade, condenando todos os seus edifícios e declarando que a cidade era um lugar de alto perigo. Os moradores que permaneceram na cidade contrariando as ordens do governo entraram na justiça contra essas decisões, mas todas as suas tentativas falharam.
Eis que, no ano de 2002, a companhia de correios dos Estados Unidos revogou o código postal da cidade (o CEP, ou Zip Code), que era 17927. Com isso a cidade não mais existia legalmente, e mais nada dessa data em diante endereçado à Centralia foi aceito. Anos mais tarde, o governador do estado do ano de 2009, Ed Rendell, iniciou os processos de despejo formal de todos que ainda permaneciam na cidade. E assim, Centralia tornou-se apenas um nome de uma cidade que já não mais existia.
Poucas casas sobreviveram ao tempo em Centralia, a grande maioria foi demolida pelas autoridades, outras desabaram por si só, algumas pelo solo afetado que acabou cedendo, outras, pelo fogo que queima no subterrâneo. E mesmo após a decisão de despejo total de 2009, acredite, ainda existem pessoas que vivem na cidade. Em seu auge, a cidade era lar de aproximadamente 3000 pessoas. No último censo realizado, no ano de 2010, a contagem de pessoas que ainda viviam em Centralia era de apenas 10 pessoas. 
Muitas das pessoas que viviam na cidade antigamente hoje participam de manifestações e brigas judiciais para que a cidade seja reaberta para a população. Eles alegam que o fogo que assola a cidade não existe mais, e que a qualidade do ar, considerada venenosa, não mais representa perigo.


Na verdade, olha só que bizarro: a grande maioria dos ex-moradores afirma que o incêndio jamais se espalhou pela mina de carvão, e que tudo não passa de um golpe do Governo da Pennsylvania para se apossar da mina e de todos os lucros que ela gera.
Essa teoria da conspiração tem base num artigo da legislação americana que diz que quando uma cidade não pode mais se manter como um município (em outras palavras, quando não possui mais habitantes), ela deixa de existir. Sendo assim, seus recursos naturais (neste caso, especificamente os direitos pela mina de carvão) deixam de pertencer à cidade e a seus habitantes e passa a se tornar propriedade de seu estado democrático, dessa forma torando-se posse do governo da Pennsylvania.
Mas apesar de todas as manifestações de seus antigos moradores, nenhum sucesso foi obtido até hoje. Centralia hoje não se parece mais com a próspera cidade que um dia foi, mas sim com um enorme cemitério cravado na terra. As casas que não foram demolidas permanecem erguidas em estado assustadoramente precário, e dentro de muitas delas ainda estão objetos abandonados pelas famílias que um dia as habitaram, destruídos, ou espalhados por todo lado.


Curiosamente, alguns pontos específicos da cidade ainda se mantém, estranhamente em quase perfeito estado: os cemitérios de Centralia. A cidade possui um total de 4 cemitérios em ótimo estado, inclusive com várias de suas lápides que podem ser consideradas como novas. Ocasionalmente, as fumaças tóxicas do enorme incêndio subterrâneo escapam através de espaços abertos e imperfeições do solo, ou mesmo em alguns túmulos. 
E, apesar da alegação dos ex-moradores, o fogo ainda queima nos subterrâneos da cidade até os dias de hoje. Pesquisas científicas já apontaram que o fogo se espalhou muito ao longo dos anos. A cidade de Byrnesville, ao sul de Centralia, foi alcançada pelo fogo no passado, e também foi abandonada. Outra cidade, Ashland, que fica próxima a Centralia também foi atingida pelo fogo, mas os danos causados foram poucos, quase insignificantes perto do “inferno” que se abateu sobre Centralia.
O fogo que destruiu Centralia está muito longe de apagar. Estima-se que o tempo para o incêndio nas minas subterrâneas se extinguir é de, no mínimo, 250 anos! Nenhuma das pessoas que um dia viveram em Centralia viverá o suficiente para ver esse dia chegar, mas para elas isso realmente pouco importa, pois seu desejo de retornar para a cidade abandonada, com fogo ou sem fogo, é imensa.


No ano de 2004, quando a adaptação do game Silent Hill começou a ser produzida, o escritor do filme, Roger Avary utilizou duas bases para tornar “real” a cidade infernal de Alessa Gillespie. A primeira base obviamente se tratava da Silent Hill original do game homônimo, uma pequena cidade do interior com poucas ruas e envolta em névoa e escuridão eternas.
A outra base se tratava da cidade fantasma de Centralia. Quando criança, Avary ouviu todo o tipo de histórias sobre a cidade, contadas por seu próprio pai (que era minerador), e tornou-se fascinado pela ideia de existir no mundo real uma cidade destruída por incêndio subterrâneo que ainda queimava!
Avary utilizou seu fascínio pela cidade na produção do filme, criando a Silent Hill que vimos nos cinemas: a névoa da cidade era formada pelas cinzas do incêndio subterrâneo que escapavam para a superfície, segundo as explicações evasivas dos personagens, que evitavam a todo custo atrair novas vítimas ao inferno que a cidade se tornou.

Centralia-Nevoeiro

Centralia…ou Silent Hill?

Mas não foi apenas Silent Hill que usou a cidade de Centralia como inspiração: outras obras anteriores de terror também utilizaram a cidade como base para seus cenários. A cidade era usada como modelo para cidades fantasmas fictícias de livros e alguns filmes. Centralia já foi até mesmo usada como base para uma manifestação física do próprio inferno, antes mesmo de Silent Hill.
Há quem diga que existem coisas que não são deste mundo habitando Centralia, e muitos têm medo das histórias que são contadas. Muitas pessoas visitam as ruínas da cidade todos os anos, há quem diga que não encontrou nada de anormal na cidade fora ela estar abandonada. Muitas pessoas registraram a cidade em fotos e vídeos, mostrando a destruição que se abateu sobre ela, bem como comprovações de que as fumaças tóxicas que saem do solo realmente existem.
E há quem afirma ter visto coisas que não deveriam estar na cidade! Curiosamente, alguns desses relatos envolvem a densa névoa que envolvia o local. Pessoas que pareciam vestir roupa de mineradores que caminhavam pelas ruas e inexplicavelmente desapareciam, sons estranhos dentro das casas abandonadas, estranhas visões de seres incompreensíveis nos cemitérios, além de pessoas que chegaram a declarar terem sentido uma constante sensação de estarem sendo observadas.

Existem dois relatos famosos sobre possíveis casos sobrenaturais envolvendo a cidade. O primeiro é o de um grupo de três amigos que teve a ideia de passar por Centralia durante uma viagem que estava fazendo, pois ouviram falar que se o local era uma cidade fantasma.
Eles foram até a cidade e começaram a observar as tenebrosas ruas vazias, os poucos edifícios abandonados ainda restantes, as rachaduras gigantes nas estradas, os campos afundados por onde exalavam muitos gases tóxicos. Eles então chegaram até um dos cemitérios da cidade e decidiram explorá-lo. Havia muito vapor saindo do chão do cemitério, e os três amigos ficaram fascinados ao ver o fenômeno.
Eles estavam checando algumas das lápides do cemitério quando,dizem, que ouviram uma voz bizarra que parecia vir do fundo da terra. Eles ignoraram, acreditando que pudesse ser a voz de outra pessoa que estaria passando no local. Então eles ouviram a voz novamente, que dizia claramente: “deixem este lugar”.
Neste momento, o solo começou a expelir vapor com mais força, exalando um odor apodrecido, que talvez pudesse ser enxofre. Os três amigos assustados correram para o carro para fugir dali, e os três ouviram a voz novamente em seus ouvidos, que parecia um sussurro, e dizia “porque… porque você fez isso?”. Eles fugiram antes que pudessem descobrir o que era aquela voz.

O outro caso narra o relato de um casal que também teve a ideia de visitar Centralia, porém eles decidiram explorar o interior de uma casa abandonada da cidade. A casa de três andares ainda possuía alguns objetos do tempo em que era habitada, além de muita sujeira e entulhos. O casal então ouviu passos nos andares de cima da casa, sem se assustar, perguntaram se havia mais alguém ali e subiram até o segundo andar.
Eles ouviram os passos novamente, desta vez descendo a escada do último para o segundo andar, então eles resolveram esperar de frente aos degraus para ver quem estava ali. Porém, conta-se, não havia ninguém, o som de passos desceu de degrau em degrau, até dar de encontro com o casal que olhava apavorado a escada vazia. Ambos fugiram da casa sem conseguir ver nada, apenas ouvindo os passos fantasmagóricos por dentro da casa.

Mas Centralia não apenas sofreu com seu terrível incêndio subterrâneo, com seu abandono e com as histórias macabras que muitos contam. A cidade parece ter um “dom” de atrair a morte. No ano de 1948, o vôo 624 da United Airlines, que saiu de San Diego com destino ao aeroporto de LaGuardia em Nona York, caiu em uma área entre a cidade de Centralia e a cidade de Mt. Camel, na Pennsylvania. Toda a tripulação do avião: 4 membros da equipe e 39 passageiros, morreram violentamente em razão da queda.
Durante uma manobra comum de vôo, o piloto baixou a altitude do avião de 13000 pés para 11000 pés. Nesta manobra, a luz de emergência que indica incêndio no compartimento de carga se acendeu. O piloto e sua equipe imediatamente acionaram os extintores do avião neste compartimento, com medo que o incêndio fosse grave.
Os extintores se acionaram liberando grande quantidade de CO2 (dióxido de carbono) no compartimento. Por uma falha na estrutura do avião, o CO2 vazou pelos dutos de ventilação até atingir a cabine dos pilotos. O gás logo preencheu a cabine e os pilotos começaram a perder a consciência gradativamente, devido a ausência de oxigênio.
Por conta da perda de consciência dos pilotos, o avião despencou em uma descida rápida e violenta. As análises feitas posteriormente não puderam comprovar, mas especula-se que o CO2 possa ter atingido até mesmo os passageiros, deixando todos inconscientes antes e durante a queda.
Perto do solo, o avião colidiu com fios de alta tensão de uma estação elétrica próxima a Centralia e Mt. Carmel, explodindo no processo. Partes de metal e corpos das vítimas se espalharam por todos os lados, formando um cenário no mínimo perturbador.
Equipes de emergência chegaram ao local e analisaram a destruição, os corpos encontrados estavam em estado de mutilação. Alguns puderam ser identificados, entre eles, haviam nomes famosos do cenário artístico e empresarial dos Estados Unidos. Seus corpos foram resgatados e entregues às suas famílias para seus devidos funerais.
No entanto, parte dos corpos encontrados estavam em estado de impossível identificação, eles estavam carbonizados ou destroçados. Seus restos foram apanhados e todos foram enterrados nos cemitérios da cidade de Centralia, nos leitos de cada uma dessas vítimas, há apenas uma pedra com a inscrição “Não-identificado. 17 de Junho, 1948”
Diversas são as histórias e relatos, reais e outros não comprovados ou fictícios, que fazem com que a cidade se pareça ainda mais com a Silent Hill dos games, assustadora, tenebrosa, misteriosa, e ao mesmo tempo fascinante.
E por falar em aparências, compare agora o mapa real da cidade de Centralia com o mapa de Silent Hill do 1º game. Consegue notar alguma semelhança? 

Não é a toa que a cidade de Centralia foi utilizada como uma das bases para a excelente adaptação de Silent Hill aos cinemas. As semelhanças são muitas entre as duas cidades. O Google, com o seu Google Car, fez uma visita a lendária cidade de Centralia e mapeou suas duas avenidas principais, além de fotografar muitos pontos importantes e estranhos da cidade.
Durante a visita que o Google fez a cidade, ela estava envolta em chuvas e neblina. Coincidência? Acaso? Ou simplesmente uma grande ironia? 
No final das contas, a história de Centralia foi um terrível caso real de uma cidade condenada a destruição por um erro cometido por um pequeno grupo de pessoas. E vivendo uma tragédia que não tinha solução, ela foi abandonada por seu governo e por seu país, mas não por seus antigos moradores, que tentam incessantemente fazer vir a tona a “verdade” por trás da demolição e abandono da cidade, desejosos a voltarem para o lugar que um dia foi chamado de lar.
A história de Centralia no entanto não chegou ao seu capítulo final. Mesmo após sua destruição, e das várias derrotas dos ex-moradores da cidade em reconstruir a cidade, ainda há um mistério real que sobrevive. Perto do Memorial dos Veteranos da cidade, no ano de 1966 uma cápsula do tempo foi enterrada abaixo de uma pedra com uma inscrição bem específica, ela deve somente ser aberta no ano de 2016.
Como você deve saber, estas cápsulas são construídas para que a população de uma determinada época deixe algo – sejam informações, fotos, objetos, ou qualquer outro tipo de coisa – selados, para ser aberta somente em uma data específica num futuro relativamente distante.
É uma forma do passado poder “conversar” diretamente com o futuro. Espera-se que todos os antigos moradores de Centralia retornem para a cidade em 2016 para a abertura da capsula. Seu conteúdo é um mistério para todos.
Ainda tem dúvidas se a história de Centralia é ou não real? Toda a história e acontecimentos reunidos neste texto são reais. Mesmo os relatos de encontros sobrenaturais existem. Claro que sua veracidade pode ser contestada, mas seus registros são reais.
Então, quando você se aventurar pelo horror digital dos games da série Silent Hill lembre-se: no mundo real, existe uma cidade condenada pelo fogo, destruída pelo tempo, e lembrada por seu antigo povo. Esta cidade é Centralia, a Silent Hill do mundo real.


Pesquisa e Adaptação: Milena Zorek!

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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Contos do Além : A Meia Noite!



Em uma cidade do interior de Minas Gerais, chamada Ibiá, conta-se um "causo", que segundo os moradores não é ficção, mas sim realidade. Na década de 60, uma enfermeira, filha de criação de um grande fazendeiro, iria se casar. Linda era a senhorita, cabelos negros e longos, pele morena, corpo de violão, rosto de anjo, lábios carnudos e sensuais. Seu noivo, um rapaz da cidade grande, segundo boatos, estaria mais interessado nas fazendas da família, do que na voluptuosa senhorita. Chegado o grande dia, tudo estava certo: Uma grande festa na fazenda, a capela já estava ornamentada e o padre se preparava tomando "alguns" cálices de vinho. os convidados chegavam aos poucos, e o comentário era que os noivos viajariam para a "Europa" em lua de mel. 
No grande momento, eis que entra na capela, a linda noiva, deslumbrando beleza e felicidade. Mas o noivo ao vê-la, corre e no meio da capela grita: - "Sinto Muito! Não a amo. E as fazendas do seu pai não são suficientes para comprar esse casamento." Em seguida o noivo foge e a pobre donzela, aos prantos, se tranca em seu quarto. 
Pela manhã, ao arrombarem a porta, deparam-se com uma cena horrorosa: A noiva, nua, só de véu e grinalda enforcara-se com lençóis. Estava pendurada no lustre do seu quarto. A data do casamento: 20 de Maio. Conta-se que até hoje, nesta mesma data, à meia noite, a linda noiva aparece, nua, cavalgando pelas ruelas da pequena Ibiá, dando gritos de horror e desespero!

Pesquisa e Adaptação: Milena Zorek



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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Contos do Além: A Viagem!


Havia algo estranho. Todos dentro do ônibus podiam sentir isso.
Eles haviam saído de Belém no final da noite, em direção a São Luiz.
A estrada era perigosa, todos sabiam disso. Havia perigo de acidentes, assaltos... mas não era tudo. Havia algo de sobrenatural e temeroso no ar. Como se algo estivesse para acontecer...
Uma criança começou a chorar. A mãe colocou a cabeça da menina no peito e afagou-lhe os cabelos, tentando confortá-la.
Lá na frente, perto do motorista, uma velhinha rezava, segurando um terço.
O motorista suava e, de quando em quando, levava a mão à cabeça, como se houvesse algo ali que o incomodasse.
Súbito apareceu algo no meio da estrada. Parecia um carro policial. Dois homens sinalizavam para que o ônibus parasse.
O motorista se lembrou que era comum os assaltantes se disfarçarem de policiais... isso quando não eram os próprios policiais que praticavam os assaltos.

- Não pare para eles! - gritou um homem, entre lágrimas. São ladrões!

- Vão matar todos nós. - choramingou uma mulher.

Apesar dos protestos, o motorista parou. Os dois homens entraram, armas na mão.

- Todos parados! - berrou um deles.

Havia algo de estranho nos dois... como se fizessem parte de outra realidade. Seus corpos pareciam intangíveis.

- São fantasmas, mamãe. São fantasmas! - gemeu a garotinha. Ele vieram para nos levar...

- Os homens devem se levantar e colocar as mãos para cima.- ordenou o policial.

Os homens, resignados, levantaram-se e deixaram-se revistar. Depois foi pedido que abrissem as sacolas. Os dois olharam tudo, depois saíram.

- Boa viagem! - disse um deles ao motorista, mas ele não respondeu.

Na verdade, o motorista nem mesmo pareceu prestar atenção neles. Ele simplesmente fechou a porta, sinalizou e saiu.
Os dois ficaram lá, parados no meio do mato, observando o veículo se afastar. Um deles encostou no carro e acendeu um cigarro.

- Sabe, eu não entendo porque temos de ficar aqui, no meio desta estrada esquecida por Deus revistando ônibus...

- Você não soube... do ônibus que foi assaltado?

- Não, eu estava de férias...

- Era um ônibus como este... - e apontou com o queixo o veículo que já sumia no horizonte.
Eles pararam no meio do caminho para pegar um passageiro. Era um assaltante. Ele tentou parar o carro, mas o motorista se negou. Foi morto com um tiro na cabeça. O ônibus bateu, então, em um caminhão. Todo mundo morreu.

- Sabe, agora que você falou, estou me lembrando de uma coisa estranha... o cabelo daquele motorista parecia manchado de sangue...

- Você... você anotou a placa? - gaguejou o policial.

- Claro. Está aqui. EOB-1326.

O outro ficou lívido.

- Era... era o ônibus do acidente!

Pesquisa e Adaptação: Milena Zorek

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terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Notícias do Além:  O Colégio Mal Assombrado!


Parece que algo estranho está acontecendo no município de Guaratinguetá- SP. Uma escola localizada nesta pequena cidade está sendo palco de inúmeros eventos sobrenaturais.

As Misteriosas Aparições: 

Quando ouve-se um barulho ou a torneira abre-se misteriosamente sozinha os alunos e funcionários da Escola Estadual Conselheiro Rodrigues quase sempre atribuem a culpa ao fantasma de Maria Augusta. É comum ouvirem-se relatos de fatos e barulhos estranhos ocorridos em todos os cantos do velho edifício. Em meio a uma vasta quantidade de histórias de encontros e episódios fora do comum um mistério parece cercar o local.   
Ao investigar os acontecimentos por traz das aparições fantasmagóricas foi constatado que todos que frequentam o antigo prédio da Escola parecem conhecer em todo ou em parte a antiga lenda e o mito do fantasma de Maria Augusta que estaria presa no prédio enquanto busca por justiça. Alguns contam com detalhe a história que é disseminada por todo o pequeno município.Mas o boato das aparições de Maria Augusta parece ter tomado grandes proporções. 

A Lenda:

Para entendermos melhor o mito por traz das aparições que ocorrem na escola é necessário mergulhar no passado do prédio. Devemos voltar ao ano de 1891. Segundo a lenda no mesmo terreno em que localiza-se a Escola Conselheiro Rodrigues,havia a mansão do visconde de Guaratinguetá. Maria Augusta era uma linda jovem de 14 anos que foi forçada a casar-se com um homem a quem não amava pelo pai um homem amargo e altivo. 
Entristecida Maria viajou para Paris. O que aconteceu em Paris entretanto é um mistério. Ninguém consegue explicar o que houve em tal metrópole.
O fato é que Maria morreu em circunstancias misteriosas enquanto viajava sem o marido. As circunstancias de sua morte são até hoje desconhecidas. Tudo o que se sabe é que o seu corpo foi colocado em um navio para ser enterrado no Brasil. Junto ao cadáver foram enviadas as jóias e bens de valor da moça. 
Entretanto enquanto atravessava o pacífico o veleiro que trazia os restos mortais de Maria Augusta foi alvo de um terrível ataque de ladrões.
Todos os bens, jóias e o atestado de óbito de tal senhora foram roubados e desapareceram.
É por isso que o motivo de sua morte é desconhecido até os dias de hoje. 
Seu pai pediu que o cadáver da moça fosse colocado em uma redoma de vidro por vários dias na mansão antes que seu corpo finalmente fosse sepultado no cemitério de Passos em Guaratinguetá.


Anos depois o colégio Conselheiro Rodrigues Alves foi construído sobre o terreno em que se encontrava a mansão de Maria Augusta. Segundo os relatos ela nunca deixou o local. E até os dias de hoje ainda permanece vagando assustando e brincando com os alunos do prédio.

O Mistério:

Uma das teorias a respeito da causa da morte de Maria Augusta seria a doença de hidrofobia. Essa doença causa desidratação. Esta é a explicação que é dada quando uma torneira é encontrada aberta no banheiro do edifício:o fantasma de Maria Augusta acometido por terrível sede estaria sempre abrindo as torneiras na tentativa de ingerir um pouco de água.
Reza a lenda que Maria Augusta só encontrará a paz quando descobrirem o motivo de sua morte. O fato é que tal história tem ganhado grandes proporções na cidade. Essa história encontra-se presente na revista comemorativa de 90 anos do colégio. 
Existem inclusive relatos de que as torneiras teriam sido vistas sendo abertas sozinhas sem que houvesse ninguém por perto.
Bem essa é toda a história por traz da onda dos estranhos acontecimentos que cercam a pequena comunidade. Em meio tudo isso uma pergunta atormenta aos habitantes da pequena cidade: Todas essas histórias seriam mito ou realidade?
Os acontecimentos estranhos são tão frequentes que a grande maioria dos alunos afirmam não sentir medo do fantasma da loura.
A história varia de acordo com a pessoa mas parece possuir a mesma essência.
O curioso é que há alguns anos a escola pegou fogo de forma misteriosa. Isso fez com que a lenda ganhasse ainda mais força entre os moradores da cidade. Agora que o prédio foi reconstruído; lenda ou mito, o fato é que a história de Maria Augusta jamais será esquecida.

Pesquisa e Adaptação: Milena Zorek


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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Dicas do Além # A Estrada da Noite!


Sinopse: 

A estrela de rock de meia-idade Judas Coyne coleciona objetos antigos mórbidos. Assim, ele não pensa duas vezes antes de comprar um paletó assombrado pelo fantasma do dono morto, publicado em um site de leilão online. Só depois que chega, Jude descobre que o paletó pertenceu a Craddock McDermott, o padrasto de uma das fãs descartadas por Coyne, e que o fantasma do velho homem é um espírito maligno determinado a matar Judas por vingança pelo suicídio de sua enteada. Judas e sua namorada caem na estrada numa tentativa de fugir do fantasma e encontrar um jeito de detê-lo.


Pesquisa e Adaptação: Milena Zorek

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terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Relatos do Além #7 : O Poder do Oculto!


Meu nome é Samanta, eu moro em São Paulo e tenho 17 anos
Tenho duas amigas que são inseparáveis, Tamara e Juliana.
As duas moram no mesmo prédio que eu, tem a mesma idade que eu (a Tamara é duas semanas mais nova e a Juliana é um mês mais velha) e as duas estão no mesmo colégio que eu, na mesma classe (a gente ficou enchendo os nossos pais para eles colocarem a gente no mesmo colégio).
Nós somos amigas desde que éramos bem novas (nos conhecemos no prédio onde moramos), acho que desde os 6 ou 7 anos.
É uma amizade bem forte a que temos.
A mais ou menos 5 anos, nos interessamos pelo oculto, sabe como é, algumas garotinhas de 12 anos entediadas e sem nada para fazer.
Começamos com coisas bobas, brincadeira do copo, brincadeiras com espelhos e velas em quartos escuros, ficar no escuro absoluto e falar algumas coisas, enfim, coisas bem leves.
Era o nosso mundinho secreto. Ninguém de fora da nossa pequena roda sabia o que fazíamos e assim nos sentíamos especiais.


O tempo foi passando e fomos nos aprofundando no oculto, mas sem centralizar em algo, vendo um pouco de tudo.
Víamos coisas de Wicca, satanismo, espiritismo, o que tivesse algo de sombrio e oculto, interessava a gente.
A Internet sempre ajudou muito, trazendo muita coisa que não achávamos em lugares de fácil acesso (você não encontra literatura de como invocar espíritos ou fazer poções )
Nunca nos focalizamos em algo específico, o oculto era a nossa crença, tudo o que fazia parte dele.
Até hoje lembro do nosso primeiro "ritual sério" que fizemos.
Trajes apropriados, adagas, pequenos cortes nas mãos, sangue, fogo, palavras estranhas a serem ditas, poções a serem bebidas.
Foi tudo muito mágico, especial.
Não aconteceu nada do que esperávamos que aconteceria, para falar a verdade não aconteceu nada de nada mesmo.
Foi algo mais psicológico, do que real.
A gente sabia que não tinha acontecido nada, mas a gente sentia que depois daquilo tudo a gente já não era mais três menininhas brincando de bruxaria. Foi uma espécie de uma festa de debutante, simplesmente não éramos mais as mesmas.
Depois daquele ritual, começamos a fazer outros.
Seguíamos datas específicas e certas fases da Lua ou posição do Sol para alguns, outros fazíamos quando tínhamos vontade, alguns até inventamos, apenas seguindo o que parecia ser o certo a fazer. O importante mesmo era que fizéssemos tudo juntas.
Com o tempo os rituais se tornaram normais em nossas vidas, e acabamos criando a nossa própria religião, que era como uma colcha de retalhos de várias religiões, abrangendo tudo o que fizesse parte do oculto, e o que parecesse certo para nós.
Certa noite eu tive um sonho. 


Eu sonhava que estava em uma floresta densa, cheia de árvores.
Era noite e eu estava perdida nela.
Depois de vagar por algum tempo na escuridão eu consegui ver uma clareira com uma fogueira, e fui naquela direção.
Quando cheguei lá, tinha o que parecia ser um homem, embaixo de um tipo de cobertor.
Ele estava sentado de costas para mim, de frente para o fogo.
Apesar do barulho da floresta, eu conseguia ouvir a respiração pesada dele.
Eu tentei me aproximar dele, mas não conseguia me mexer.
Então ele se levantou, ainda coberto pela manta.
Ele era enorme, tinha fácil mais de dois metros.
Então, do nada, o fogo apagou.
A floresta tinha mergulhado no breu de novo.
Então a respiração daquele ser começou a ficar mais forte.
Pelo barulho deu para perceber que ele estava se aproximando.
Eu não conseguia me mexer. Estava assustada, mas não sentia que corria perigo.
Quando ele estava ao que parecia ser três passos de mim, ele começou andar para o meu lado, me contornando.
Ele parou quando ficou atrás de mim, a uns dois passos.
A única coisa que eu ouvia era aquela respiração forte agora.
Parecia quase um cavalo respirando depois de uma corrida.
Então ele foi se aproximando, e chegou tão perto que eu podia sentir a respiração dele na minha nuca. Depois disso eu acordei.
Aquele sonho ficou na minha cabeça, eu não conseguia parar de pensar nele.
Será que tinha sido alguma entidade que me visitou durante o sono? parecia tão real!
Aquela noite tinha sido numa quarta-feira.
Na sexta-feira a Juliana perguntou se queríamos ir para o sítio que a família dela tem no interior de São Paulo.
Por falta de algo melhor para fazer acabamos indo para lá mesmo.
Não ia mais ninguém além da gente e do irmão mais velho da Ju (que por acaso é quem levaria a gente para lá).
Então preparamos as nossas malas, não esquecendo as nossas velas, cristais, adagas e coisas do gênero, e fomos para lá.
Chegamos lá na Sexta a noite. Nós quatro ficamos lá conversando e jogando conversa fora numa boa.


Depois de um bom tempo fomos dormir.
O dia seguinte foi uma beleza, sol o dia todo, piscina, um macarrão vegetariano bem levinho no almoço, um pouco de bronzeamento a tarde, uma maravilha só. Mas quando o Sol começou a se por, um monte de nuvens começou a juntar.
Fomos tomar banho e preparar algo para jantar.
Quando eu sai do banho a Juliana falou que seria só nós três durante a noite, pois o irmão dela tinha saído para a cidade para curtir o final de semana do jeito dele.
Era justamente o que queríamos. Um tempo só para nós, garotas, para falarmos e fazer o que quiséssemos.
Depois do jantar ficamos na varanda da casa conversando.
Então a Tamara deu um pulo de repente e falou "Vamos fazer um ritual na floresta!"
A Ju perguntou, ritual de quê, não era data de nada, então ela falou "A gente faz uma data para hoje!
A gente inventa uma celebração qualquer!"
A ideia me agradou muito, e como nunca tínhamos feito nada ao ar livre junto da natureza, sugeri que fôssemos para um amontoado de árvores que tinha lá do lado. Todas concordamos e fomos correndo pegar o nosso material.
Nos preparamos e fomos felizes da vida para o meio da floresta que tinha lá do lado.
Estávamos indo descalças, podíamos sentir a grama verde com os pés, uma brisa fraca batendo de leve na gente, ouvíamos os sons de grilos e outros bichinhos pelo mato.
Não sei o que era, se era o ambiente, se era algo psicológico, mas aquele era um momento mágico.
Estávamos nos sentindo diferentes, nos sentíamos parte da natureza.
Apesar da noite totalmente escura (além de ser lua nova - totalmente escura - as nuvens que tinham se acumulado encobriam a luz das estrelas), não estávamos preocupadas de entrar na floresta. Estávamos com uma lanterna e achamos fácil um lugar adequado.
Então, começamos o ritual. Tinha um que eu tinha pegado na Internet e queria fazer a algum tempo, que era perfeito para a ocasião.
Tudo o que precisávamos estava lá. Improvisamos algumas tochas com pedaços de pano, cheios de álcool, enrolados em galhos, e prendemos nas árvores ao redor da área para poder produzir alguma luminosidade não artificial (claro que tomando o máximo de cuidado para não botar fogo no lugar:p).
Limpamos a área e fizemos alguns símbolos e desenhos no chão com as adagas.
Colocamos nossos adornos ritualísticos e começamos a posicionar as velas (que por acaso nós mesmo fazíamos) em seus respectivos lugares.
Colocamos mais algumas em volta do círculo central e apagamos as tochas (a luminosidade que as velas produziam era o suficiente para nós agora).
Fizemos um pequeno fogareiro dentro do círculo central e colocamos uma cumbuca de bronze em cima dele.
Nos posicionamos em volta do fogareiro e colocamos algumas coisas na cumbuca enquanto falávamos o que tinha que ser dito.
Após algum tempo tiramos o líquido que tínhamos feito de dentro da cumbuca e colocamos em um cálice de cristal, e colocamos a cumbuca no lugar de novo.
Cada uma de nós tomou um pouco do que tinha dentro do cálice, deixando propositalmente um resto dentro dele.


Depois colocamos esse resto que tinha sobrado de novo na cumbuca de bronze que estava no fogareiro e falamos mais algumas coisas.
Nesse momento já estávamos sentido uma coisa estranha dentro da gente, não estávamos passando mal, só sentíamos algo estranho.
Então foi como se tivéssemos entrado em um transe.
Ficamos com o olhar meio vidrado balançando a cabeça bem de leve para frente e para trás, e foi aí que uma coisa inacreditável aconteceu. As velas começaram a queimar muito rápido, como se estivessem em um filme que você adianta.
A gente só via a cera derretendo e escorrendo e o barbante pegando fogo.
Depois de alguns segundos, as velas se consumiram completamente, e apagaram.
A escuridão voltou com tudo, uma escuridão absoluta.
E então eu ouvi um som que eu já tinha ouvido antes, nos meus sonhos.
O som daquela respiração pesada. Estava vindo bem do meio do círculo que tínhamos feito, bem do meio da gente.
Nós estávamos ajoelhadas de mãos dadas, fazendo um círculo com os nossos braços.
Eu senti a mão da Tãma e da Ju se afrouxarem um pouco, como se quisessem soltar a minha, mas eu segurei as mãos delas mais forte, para que não se soltassem.
Aquela respiração estava ficando cada vez mais forte, parecia se mover dentro do nosso pequeno círculo, mas nada encostava nos nossos braços.
Eu estava assustada, mas não com medo.
Não sabia o que era aquilo ou o que estava acontecendo.
Então senti uma baforada na minha cara. Era quente, mas não tinha cheiro nenhum. E foi aí que eu fraquejei.
Eu soltei um grito, levantei e soltei a mão da Tãma e da Ju me virei e saí correndo.
Eu percebi que as duas fizeram a mesma coisa.
Chegamos rápido na casa, e assim que entramos fechamos a porta e acendemos todas as luzes.
Tínhamos deixado todas as nossas coisas para trás, mas não tínhamos a mínima intenção de voltar.
Estávamos em completo êxtase. "Você viu aquilo?" "O que foi que acabou de acontecer ali?" "Será que ta vindo pra cá?"
"Não sei, não estou vendo nada, mas eu não vou lá fora ver se tem alguma coisa lá ainda!"
Nós estávamos totalmente eufóricas, completamente assustadas, mas eufóricas.
Nunca tinha acontecido nada de mais nos nossos rituais.
Se acontecia alguma coisa, sempre tinha uma explicação lógica por trás, mas não dessa vez.
Nós tínhamos presenciado algo e não tínhamos ideia do que era.
Naquela noite não conseguimos dormir, ninguém ousava fechar o olho ou ficar no escuro.
Não ouvimos nenhum barulho estranho vindo lá de fora, nenhum vulto escuro andando pela floresta, nada, mas estávamos bem assustadas.
Ficamos acordadas até o irmão da Ju chegar de manhã.
Então desabamos. Dormimos na sala onde tinha bastante luz. Acordamos um pouco depois do meio dia.
Como não poderíamos mais adiar aquilo, juntamos coragem e fomos até o lugar onde tínhamos feito o nosso ritual na noite passada.
Estava tudo normal. As coisas estavam exatamente onde tínhamos deixado, as adagas fincadas no chão, as linhas dos desenhos e dos símbolos intocadas, as velas completamente derretidas, e o fogareiro ainda com madeira sem queimar, com a cumbuca de bronze ainda com o resto do líquido. Nós juntamos nossas coisas e fomos embora, dando uma benção final no lugar. Naquela tarde fomos embora.
Até hoje não sei o que foi que aconteceu.


Até pensei que podíamos ter feito alguma bebida alucinógena naquele dia, e o que vimos e sentimos era só um resultado dos efeitos da bebida.
Para ter certeza, nós fizemos a bebida de novo, mas sem fazer o resto do ritual, só a bebida e demos para a Tãma beber.
O tempo passou e nada, ela não sentiu nada e não viu nada.Depois disso nos convencemos de que realmente aconteceu alguma coisa.
Eu deixei aquele ritual (as "instruções") separado, bem guardado e marcado, para quando tivermos mais experiência no assunto, afinal isso é uma coisa com que não se brinca, ainda mais quando da certo.


Mas será que foi o ritual que funcionou mesmo?
Ou era alguma entidade da floresta, alguma protetor ou coisa parecida, que atendeu o nosso chamado? Até hoje eu imagino se o que aconteceu tem alguma ligação com o meu sonho.


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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Dicas do Além # A Companhia dos Lobos (The Company of Wolves) – 1984


Este filme sensacional do diretor Neil Jordan (que anos depois nos traria duas obras primas, Traídos Pelo Desejo e Entrevista com o Vampiro) é uma pérola que merece ser descoberta. De difícil digestão, o longa trabalha o tempo todo com metalinguagem e é basicamente uma metáfora fortíssima para o “desabrochar da mulher” após a adolescência. Para narrar seu ponto de vista, Jordan recorre ao recurso de contar histórias dentro de histórias, de forma não linear, sendo que o ponto apoteótico do filme é uma recriação da fábula da Chapeuzinho Vermelho. O forte elenco inclui David Warner, Stephen Rea e Angela Landsbury, e a cena da transformação tornou-se uma das mais famosas do cinema.

Pesquisa e Adaptação: Milena Zorek

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terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Relatos do Além #6 : A Casa Mal Assombrada - História de Terror!


Eram duas e meia da manhã quando Levi, Antônio e Arnaldo andavam pelas calçadas sujas de sua cidade. Estavam vagando a mais de três horas sem nada pra fazer, Levi odiava fazer isso, preferia estar em casa assistindo TV e comendo, mas sempre acompanhava os amigos porque não gostava de ficar sozinho. Chegaram à antiga estação de trem da cidade que já desativada havia muitos anos.

“Vamos embora daqui, eu odeio esse lugar” – pediu Levi tentando não parecer aterrorizado.

“Deixe de ser medroso” – respondeu Arnaldo. “Vamos até a casa abandona da colina e dar uma olhada, estou precisando de uma aventura.” – completou ele com a voz excitada.

Antônio riu e começou a andar em direção a casa, os outros dois o seguiram. Chegaram ao portão de entrada e olharam aquela imensa construção, era linda e tenebrosa ao mesmo tempo.

Os três jamais viram alguém morando naquele lugar, o dono da propriedade a trancou a mais de cinqüenta anos e não voltou mais, nunca vendeu ou alugou. Os moradores da região até evitavam passar perto com medo, diziam que o lugar era mal assombrado.


Anos atrás o filho do prefeito daquela cidade estava se casando com uma moça que morava ali. No dia do casamento, a melhor amiga da noiva a levou para a casa do prefeito dizendo que queria mostrar-lhe algo. Chegando lá elas sobiram até o quarto onde o noivo dormia e o encontram na cama com outra mulher. Em um momento de desespero a noiva desceu até a cozinha, para pegar uma faca e matar o noivo e a amante. Momentos depois, ela não conteve a agonia e enfiou a faca em seu coração. Supostamente os fantasmas dos três ficaram na casa onde diz à lenda que o fantasma da noiva tortura os outros dois.

Arnaldo foi o primeiro a entrar, pulou o portão e foi em direção a casa. Olhou para trás e viu os outros dois pulando também e continuou até chegar à porta. Levi ficou parado no meio do caminho.

“Eu não entro ai, estou me sentindo mal, alguma coisa me diz que agente deveria ir embora.” – disse o rapaz com voz tremula.

Os outros dois não deram importância. Voltaram-se para casa e olharam pela janela. Eles se espantaram porque podiam ver muito bem o que tinha dentro da casa somente com a iluminação da lua que entrava pelas janelas. A sala de entrada era enorme e toda a mobília parecia estar lá, porem coberta com lençóis.

“Opa, a porta da frente esta aberta.” – Disse Antônio já abrindo a porta.

Os dois entraram, o lugar era lindo, descobriram alguns móveis e viram que estava tudo intacto, parecia que alguém estava cuidando de tudo. Antônio decidiu subir para o próximo andar e ver se achava algo interessante. Arnaldo foi ver outro cômodo. Momentos depois Arnaldo escuta Antônio descendo as escadas.

“Vamos embora, Levi esta nos esperando lá fora.” – Gritou Arnaldo para que seu amigo pudesse escutá-lo.

Antônio não respondeu, Arnaldo se virou para ir até a saída e deu de cara com alguém, não pode ver quem era porque a luz vinha de trás da pessoa então só via a silhueta. Uma coisa ele tinha certeza, estava vestida de noiva. Seu corpo congelou então ele riu tentando disfarçar o susto.

“Muito boa essa Antônio, quase me mata de susto. Vamos embora, já tive muito pra uma noite, esse lugar esta me dando arrepios.” – disse Arnaldo irritado.

Antônio continuou calado. Arnaldo ficou inquieto olhando o suposto amigo e começou a andar em sua direção, a silhueta também se movia ao seu encontro. Algo mudou na visão de Arnaldo, parecia que a silhueta puxou uma faca de lado e ele começou a ficar preocupado e parou de andar.

“Brincadeira tem limite Antônio.” – gritou ele.

A silhueta também parou de andar, a luz da lua iluminou seu rosto e Arnaldo gritou. A imagem o aterrorizou e ele se arrependeu de ter entrado naquela casa. Ali na sua frente estava o fantasma da noiva, seu rosto podre e olhos vazios não expressavam sentimento e mesmo assim ele sentiu que ela iria mata-lo.

“Antônio!” – foi a única coisa que ele conseguiu gritar, pois o terror o mantinha congelado e sem ar.

Antônio desceu as escadas rapidamente, quando viu a cena correu direto para a porta gritando. A porta estava trancada, ele a esmurrava, chutava e puxava, mas a porta não abria. Levi estava bem perto, mas parecia que não via ou escutava nada. A noiva não deu muita atenção a ele e continuava a encarar Arnaldo que por sua vez correu para ajudar o amigo com a porta.


“Você pensou que iria escapar de mim por toda eternidade querido?” – disse o fantasma se aproximando dos dois.

A noiva agarrou Arnaldo pelo cabelo e apunhalou-o no coração. O rapaz ficou agonizando por um tempo enquanto Antônio fazia sua última oração.

“Some daqui você não tem nada a ver com esse traste.” – disse a noiva enquanto abria a porta.

“Não, por favor Antônio” – gritou Arnaldo.

Antônio se espantou ao ver o espírito de Arnaldo sendo segurado pela noiva. Escutou um barulho do outro lado da sala e viu o fantasma de outra mulher que parecia estar sofrendo muito. Lembrou-se da lenda daquela casa e então entendeu que seu amigo era a reencarnação o noivo que de alguma maneira teria escapado da tortura eterna.

Ele correu e levou Levi embora com ele. Contou a história a todos mais ninguém acreditou. O corpo de Arnaldo nunca foi encontrado pela policia que vasculhou toda a casa e os arredores. Antônio foi internado em um hospício alguns meses depois, dizia estar sendo assombrado pelos três fantasmas. E quanto a casa, continua lá, sozinha e sombria, talvez esperando pela próxima visita... 


Pesquisa e Adaptação: Milena Zorek


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